Na secção Telecorreio, o Público de 10 de Fevereiro de 2002 inseriu, com o título acima reproduzido, um texto do jornalista Miguel Marujo, em que comenta a resposta de Oscar Mascarenhas ao editorial de António Granado. Considerando que a prática sindical é uma participação política plena, recusa todavia ao jornalista o direito de entrar no jogo político-partidário.
Apesar de ser jornalista há pouco tempo e de, pela bitola de Oscar Mascarenhas, presidente do Conselho Deontológico do Sindicato de Jornalistas (SJ), não ter tido qualquer «estagiozinho com os velhotes da tarimba», entendo poder participar na polémica da candidatura de Alfredo Maia, presidente da direcção do SJ, pela CDU.
Um jornalista faz política. Mas não deve entrar no jogo político-partidário. Julgo ser necessário preservar a independência do jornalista, expressa no Código Deontológico: «O jornalista deve recusar funções, tarefas e benefícios susceptíveis de comprometer o seu estatuto de independência.» Que é bem diferente de se manter neutral. E, enquanto presidente do SJ, não espero de Alfredo Maia neutralidade quando os direitos e os deveres dos jornalistas são atropelados. E também espero dele a necessária equidistância do legislador.
«A isenção não é um estatuto ou uma farda – é um exercício, é uma demonstração», escreve Oscar Mascarenhas. Tenho pena que o citado e Alfredo Maia tenham tão fraco entendimento da sua prática sindical. É que esta prática já é uma participação política plena.
Aquilo que Oscar Mascarenhas devia questionar é a promiscuidade entre jornalismo e política. Ninguém pretende «castrar» o presidente da direcção do SJ. O que se pretende é discutir se Alfredo Maia deve acumular «funções, tarefas e benefícios» que contrariam o lugar de responsabilidade que ocupa.
Quanto ao mais, é apenas ruído na comunicação. Sejam as questões jurídico-legais, sejam as posições assumidas pelo SJ. Aqui, apenas um reparo se impõe, da parte de quem iniciou a actividade há pouco tempo: o entendimento que esta direcção do SJ tem dos jornalistas estagiários é (ela sim) «castradora» e pouco atenta às realidades das redacções dos dias de hoje.
Oscar Mascarenhas esconde dos leitores do Público que o SJ foi leviano nas propostas mais recentes sobre a matéria, como se leu na proposta do estatuto dos jornalistas «on-line». Mas deve ser apenas falta de um «estagiozinho com os velhotes da tarimba». Mea culpa, caro Oscar.
Texto reproduzido com a autorização do autor