Seminário sobre “As Vítimas de Crime e os Órgãos de Comunicação Social”

A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) promove hoje, 22 de Fevereiro, Dia Europeu da Vítima de Crime, um Seminário-debate dedicado ao tema “As Vítimas de Crime e os Órgãos de Comunicação Social”.

O evento realiza-se na sede da APAV, na Rua José Estêvão 135-A (ao Jardim Constantino), em Lisboa. Este seminário-debate, com início às 14h00, conta com a participação de diversos especialistas e técnicos, entre os quais Orlando César, presidente do Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas.

De acordo com os dados estatísticos resultantes da sua actividade e missão social de prestação de serviços de apoio a vítima de crimes e de violência, em 2009 a APAV registou um total de 10 132 processos, o que representa uma subida de 1,3% face a 2008. No cômputo desses processos foram contabilizados 17 628 crimes, que se distribuem por 5 categorias criminais. Já o número de vítimas sinalizadas em 2009 situou-se nas 7639.

O mercado das notícias

Analisando a problemática em debate, o presidente do Conselho Deontológico do SJ – em intervenção a que o sítio do sindicato teve acesso e se publica em separado – lembrou que o sistema dos média se pauta hoje “mais pelo interesse comercial do que pelo interesse público”, o que leva os média a seguir “estratégias de tematização com vista à captação de leitores e público”. Ou seja, refere Orlando César, “criam determinado tipo de necessidade informativa — por exemplo, os grandes dramas que servem para mitigar o nosso sofrimento individual — e depois fornecem o produto”.

“Tratam assuntos até à exaustão, prolongam a publicação de matérias sem novidade e relevância, enquanto outros assuntos são descurados. Os valores intrínsecos aos acontecimentos são, frequentemente, derrogados pela aritmética das receitas das vendas e pela necessidade de remunerar os accionistas dos grupos multimédia cotados na bolsa” – afirma Orlando César, sublinhando que “nesta correlação de interesses, o jornalismo sai a perder”, tanto mais que “os jornalistas, cada vez mais jovens e em situações de maior precariedade, não dispõem de autonomia nem de independência”.

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