“Salazar – A Construção do Mito”, da jornalista e escritora Helena Matos, membro do Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas, desmonta a importância da Imprensa na subida ao poder de António de Oliveira Salazar.
O livro, lançado a 4 de Dezembro em Lisboa e que abrange o período entre 1928 a 1933, é o primeiro de dois volumes, apresentando as conclusões da jornalista sobre o papel de títulos como “O Século”, “Jornal de Notícias”, “Diário de Notícias” e “Diário de Lisboa” na subida e manutenção de Salazar no poder.
O segundo tomo, intitulado “Salazar – A Propaganda”, abarca o período entre 1934 e 1938 e analisa a forma como a imprensa viu a figura de Salazar enquanto presidente do Conselho.
Além de consultar a imprensa nacional, a investigadora tomou também como fontes jornais regionais, caso do “Diário de Coimbra”, e recorreu ao arquivo de Salazar e a documentos de natureza particular.
Em entrevista ao sítio do Círculo de Leitores, que edita a obra em parceria com a Temas e Debates, Helena Matos explica que, ao contrário do que muitos crêem, Salazar gostava tanto do poder que era capaz de “lutar e manipular magistralmente” para nele se manter.
De acordo com a autora, Salazar foi privilegiado na imprensa do ponto de vista fotográfico, estabeleceu uma importante relação com os jornalistas e criou uma agenda paralela à do governo como forma de se distinguir e impor, acabando “a jogar com os grandes do mundo”.
Ainda no sítio do Círculo de Leitores, Helena Matos explica, a propósito do segundo volume, como o jornalista António Ferro, através das suas entrevistas, conseguiu humanizar o ditador, aproximá-lo do cidadão comum.
Apresentando os dois volumes como uma grande reportagem, a escritora esclarece ainda que o seu trabalho de investigação lhe permitiu concluir que o jornalismo independente é uma miragem, estando sempre condicionado pela época em que é exercido, e que a censura nunca é positiva, tenha por fim silenciar vozes inoportunas ou manter a sociedade em equilíbrio.
