RTP: Da falta de escrúpulos

A Direção de Recursos Humanos da RTP, numa postura de assédio laboral e de completa falta de escrúpulos, disparou hoje uma série de e-mails exigindo aos trabalhadores que viram o seu contrato de trabalho ser reconhecido pelo tribunal o pagamento das contribuições à Segurança Social que, registe-se a falta de vergonha, foram “adiantados” pela empresa em nome do trabalhador.

Os valores estão na ordem dos milhares de euros e o prazo dado é o dia 26 de julho de 2019. É indicado o NIB da conta da RTP e deixado o aviso: se esse pagamento não for feito a partir de agosto o valor será descontado do salário dos trabalhadores.

O Sindicato dos Jornalistas não tem palavras para esta falta de escrúpulos da Direção de Recursos Humanos da RTP. E por isso repudia e denuncia publicamente aquilo que considera uma postura de assédio laboral que a empresa pública assumiu na tarde de hoje para com alguns dos seus trabalhadores e exige que a RTP recue nesta decisão.

Já não bastava a empresa pública ter estado em ilegalidade durante anos, mantendo a tempo inteiro e em necessidades permanentes trabalhadores como falsos recibos verdes. Já não bastava ter “sacudido” para esses trabalhadores todas as responsabilidades fiscais. Já não bastava, durante anos a fio, ter negado a esses trabalhadores os direitos mais básicos no mundo laboral: contrato de trabalho, 14 meses de salário, subsídio de refeição.

A RTP tem para com várias dezenas de trabalhadores uma série de dívidas: salários, subsídios, horas extra, pernoitas, transporte. A desfaçatez é de tal ordem que em vez de pugnar pelo exemplo, pela transparência e pela justiça pagando tudo o que deve aos trabalhadores que ao longo de vários anos foram continuamente maltratados, vem a Direção de Recursos Humanos da RTP exigir o pagamento de valores que estão muito abaixo daquilo que a própria empresa deve aos trabalhadores.

O Sindicato dos Jornalistas tem o seu departamento jurídico a trabalhar neste processo, mas não pode deixar de denunciar publicamente esta postura repugnante de tratar os trabalhadores que sempre foram e são exemplares na dedicação, no profissionalismo e na competência.

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