Retaliação da Câmara de Lyon leva jornal à bancarrota

O semanário regional “Lyon Capitale” está à beira da falência em consequência da retirada de toda a publicidade municipal daquele jornal, em Outubro, devido a críticas que o presidente da Câmara de Lyon, Gérard Collomb, considerou difamatórias.

Dependente da publicidade e dos subsídios municipais para a sua sobrevivência, o “Lyon Capitale” apoiou em 2001 a eleição de Gérard Collomb, mas desde então começou gradualmente a dar mais espaço à oposição local.

Independentemente das acusações contra o autarca serem ou não verdadeiras, a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) considera que “usar a publicidade do governo local ou estatal como meio de pressão ameaça a liberdade de imprensa e deve ser condenado”, e lamenta que sejam os jornalistas a pagar o preço pela deterioração das relações entre os executivos do jornal e da cidade.

Além de retirar a publicidade do jornal, Gérard Collomb reuniu-se com o principal accionista do “Lyon Capitale”, Bruno Rousset, para discutir com este a linha editorial do jornal na sequência das críticas de Outubro.

Semanas depois, a 13 de Dezembro, o director Jean-Olivier Arfeuillère foi despedido, tendo a redacção rejeitado o seu substituto e efectuado uma série de greves em Dezembro, que levaram à não publicação do título desde então e, mais recentemente, ao despedimento do editor, a 3 de Janeiro.

Entretanto, a redacção de outro jornal da cidade, o “La Tribune de Lyon”, também recorreu à greve a 4 de Janeiro, em protesto contra a censura de uma reportagem que implicava Gérard Collomb num caso de desvio de dinheiros públicos, a qual não foi publicada por intervenção do director, que a substituiu por uma entrevista com o presidente da Câmara.

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