Relatório da FIJ aponta para 150 jornalistas mortos em 2005

O relatório “Targeting and Tragedy” da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) afirma que 150 jornalistas e profissionais dos média foram mortos durante o ano de 2005, valor que é o mais elevado de sempre e que, segundo a organização, poderá piorar caso os líderes políticos não levem os assassinos perante a justiça.

O país mais perigoso para os jornalistas foi o Iraque, com 35 jornalistas mortos, as Filipinas, com 10, e um triângulo centro-americano formado por Colômbia, México e Haiti, onde questões ligadas ao narcotráfico levaram ao assassinato de nove jornalistas.

“Em mais de 90 por cento dos casos houve poucas investigações sérias das autoridades e apenas uma mão cheia dos assassinos foram sequer levados a tribunal”, afirma Aidan White, secretário-geral da FIJ, acrescentando que “uma combinação de corrupção policial, incompetência judicial e indiferença política tem criado uma cultura de negligência e indiferença que torna todos os dias em épocas de caça ao pessoal dos média”.

Revelando que a FIJ já pediu ao Conselho de Segurança das Nações Unidas e ao secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que mobilizassem os governos no sentido de actuar contra o alvejamento e assassinato de jornalistas, Aidan White considera que “até os governos democráticos” têm feito de conta que não vêem a violência contra os média, dando como exemplo os 18 casos de mortes inexplicadas de jornalistas no Iraque, às mãos das tropas norte-americanas.

Das 150 mortes registadas, 89 foram jornalistas assassinados “no cumprimento do dever” e 61 foram vítimas de desastres enquanto trabalhavam – destes últimos, 48 morreram aquando de um acidente aéreo no Irão, levantando dúvidas sobre a segurança do avião militar em que seguiam.

Classe tenta diminuir efeito de contrariedades

Mas nem tudo são más notícias, pois o relatório da FIJ destaca que a classe se está a unir para contrariar o que vai acontecendo de negativo.

Exemplo disso são os cerca de 100 mil euros pagos pelo Fundo Internacional de Segurança da FIJ para providenciar ajuda humanitária a jornalistas e familiares de profissionais dos média afectados por catástrofes como o maremoto na Ásia em Dezembro de 2004 ou o terramoto de 2005 no Paquistão. Também as famílias de jornalistas assassinados em mais de 25 países receberam ajudas financeiras da FIJ.

A organização está a planear um protesto mundial para exigir acções contra a impunidade, o qual se deverá realizar a 8 de Abril, data do terceiro aniversário do ataque norte-americano ao Hotel Palestina, em Bagdade, que provocou a morte de dois colegas de profissão.

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