Rádios locais resistem

No Dia Mundial da Rádio, o Sindicato dos Jornalistas (SJ) sublinha o papel das rádios locais, meios de comunicação social que, apesar das dificuldades, continuam a informar as comunidades em que estão inseridos

De acordo com o relatório do Observatório de Comunicação de 2018 (Obercom 2018), existem 320 rádios locais em Portugal, na sua maioria generalistas, sendo que cerca de 100 apenas retransmitem emissões de rádios maiores.

O estudo, que englobou um inquérito às rádios locais portuguesas, revela ainda as dificuldades financeiras destes órgãos de comunicação social decorrentes da quebra de receitas publicitárias e a falta de financiamento público (atualmente feito de forma mais centralizada através das Comissões de Coordenação de Desenvolvimento Regional). 

Relativamente aos salários praticados, o estudo revela que 64,7% das rádios locais pagam, em média, aos seus trabalhadores entre 500 a 750 euros mensais, 16,7% pagam entre 751 e os 1000 euros e 6,9% pagam menos de 500 euros . 

Para além dos baixos salários, 9,8% das rádios não têm jornalistas nos seus quadros, 46,1% têm apenas um e 32,4% têm dois. 

Os dados revelados por este inquérito são coincidentes com as informações que o Sindicato dos Jornalistas recolheu quando visitou, no ano passado, cerca de vinte órgãos de comunicação social locais e regionais. 

A diminuição de receitas publicitárias é uma realidade e as formas alternativas de financiamento (como os programas patrocinados ou as parcerias com entidades locais para a cobertura de eventos realizados por estas) não conseguem compensar as perdas. 

O Sindicato assinalou ainda os baixos salários usufruídos pelos jornalistas (neste caso, das rádios locais) e também as pressões externas a que muitas vezes são sujeitos quando estão a cumprir a sua missão, que é a de Informar.

O SJ destaca, por isso, o empenho destes profissionais em resistir às tentativas de controlo da informação que atentam contra a liberdade de imprensa, um dos pilares fundamentais da democracia. 

Apesar das dificuldades apontadas, é importante sublinhar que as rádios locais resistem em Portugal e no mundo e continuam a servir as comunidades em que estão inseridas.

No dia escolhido pela UNESCO para celebrar a Rádio, importa destacar que este meio de comunicação de massas subsiste graças a uma notável capacidade de adaptação às diversas plataformas, nomeadamente as digitais. 

Do rádio de família ao pequeno transístor, ao rádio do carro, na televisão, no computador ou no telemóvel, a Rádio continua a ser o sistema de difusão mais usado em todo o mundo, sendo uma das formas mais rápidas de chegar aos cidadãos, permitindo uma interação e partilha através da música, da divulgação de notícias e informações vitais a comunidades em risco, da promoção do conhecimento e da aposta em fóruns de ouvintes, assumindo, assim, duas funções sociais: a de entretenimento e a de informação.

Este ano, o Dia Mundial da Rádio tem como temas o Diálogo, a Tolerância e a Paz. Estes temas estão associados a uma cultura democrática que importa reforçar, promovendo, através da informação, a cidadania e a cultura cívica. Esta é uma missão que pode ser desempenhada pela Rádio, uma vez que é acessível, rápida, barata, de simples utilização e é ouvida por 95 por cento da população mundial, sendo transversal a povos, religiões e classes sociais, o que pode fazer dela um instrumento fundamental para ajudar a construir sociedades verdadeiramente democráticas.

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