Quatro jornais censurados no Sudão

Os diários de língua árabe “Al-Ayam”, “Al-Sahafa”, “Al-Sudani” e “Rai-al-Shaab” foram alvo da censura das autoridades sudanesas, que chegaram a justificar o recurso à prática censória com o perigo de artigos emotivos sobre o assassinato do jornalista Mohamed Taha poderem prejudicar a investigação do caso.

Segundo jornalistas locais citados pela Repórteres Sem Fronteiras (RSF), os artigos censurados nos quatro jornais abordavam efectivamente o assassinato de Taha, mas também questões susceptíveis de embarassar as autoridades sudanesas, como o uso da força para dispersar protestos em Cartum e as divergências entre o presidente Omar al-Bashir e as Nações Unidas acerca da resolução 1706 sobre o Darfur.

O primeiro caso de censura ocorreu com o “Rai-Al-Shaab” na noite de 6 de Setembro, quando forças de segurança invadiram as instalações e ordenaram a remoção de todas as notícias sobre as manifestações desse dia em Cartum, o que fez com que o jornal acabasse por ser impresso sem uma manchete na primeira página e sem conteúdos na página 3.

Três dias depois, a 9 de Setembro, a polícia confiscou todos os exemplares do “Al-Sudani”, alegando que tal era necessário para assegurar a segurança dos jornalistas após o assassinato de Mohamed Taha, mas sem especificar que artigos continham esse risco ou eram susceptíveis de ser “emotivos” a ponto de “prejudicarem a investigação”.

Por fim, no dia 11 de Setembro, agentes de segurança ordenaram a eliminação de dois artigos do diário “Al-Sahafa” antes deste ser impresso e censuraram ainda parte das edições dos jornais “Al-Sudani” e “Al-Ayam”.

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