Qualidade jornalística gera mais lucro

Qualidade jornalística e lucro podem andar de mãos dadas. Quem assim pensa é o director do grupo norueguês Orkla Media, Stig Finslo, um dos principias oradores do debate “Os Média, a Qualidade e os Direitos dos Jornalistas na União Europeia”, que antecedeu a abertura da assembleia anual da Federação Europeia de Jornalistas (FEJ), na tarde de 3 de Abril, em Bilbau.

Stig Finslo gerou um debate muito vivo após a exposição dos seus argumentos a favor de uma teoria que surpreendeu muitos dos participantes. “Órgãos de informação fortes e independentes dão mais lucro”, defendeu o norueguês perante os sindicalistas, sobretudo porque, logo no início da sua exposição, deixara bem claro que o objectivo do grupo que representa é “ganhar dinheiro”. Mas não a qualquer preço, segundo se depreende do que disse a seguir.

O gestor norueguês explicou que a filosofia do grupo Orkla “impõe que se saiba exactamente a quem se destina o órgão de informação”, para que lhe possa ser oferecido um produto de qualidade, o que, no seu entender, não é possível alcançar “sem uma relação estreita com os trabalhadores e os sindicatos”.

Cinco documentos orientadores

Depois, o trabalho é feito em conformidade com cinco documentos orientadores que o grupo considera “fundamentais”. São eles: os princípios da publicação, o estatuto editorial, o código de conduta, o código de ética da publicidade e os princípios de gestão. Os primeiro e último são da inteira responsabilidade do grupo, enquanto os restantes, segundo explicou Stig Finslo, são elaborados “em cooperação com os trabalhadores e sindicatos ou, na ausência destes, com representantes das suas estruturas eleitas”.

Este grupo norueguês estendeu, há alguns anos, a sua actividade a diversos países do leste da Europa.

Apesar de visar fundamentalmente os problemas dos jornalistas do espaço comunitário, porque, como frisou o presidente da FEJ, Arne Konig, “urge pensar em termos europeus, dado que políticas e problemas são cada vez mais globais”, o seminário foi também espaço aberto a outras realidades, uma delas retratada por Sergey Guz, secretário do Sindicato Independente de Média da Ucrânia.

Este dirigente sindical reconhece que “não é possível combater a auto-censura nem melhorar a qualidade jornalística com salários baixos e ausência de protecção legal”. Pôs igualmente em evidência a “importância do trabalho jornalístico profissional para o estabelecimento e a defesa da ordem democrática”, salientando que “sem condições de independência para os jornalistas e para os órgãos de informação não é possível praticar e proteger a liberdade de expressão e o direito à informação na Ucrânia.”

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