A prisão de cerca de três dezenas de profissionais da comunicação na China é contrária aos ideais olímpicos e ao compromisso das autoridades chinesas em respeitar os direitos humanos, assumido aquando da atribuição dos 29.º Jogos Olímpicos a Pequim.
Esta afirmação é feita pela Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) e pela Associação Mundial de Jornais (WAN), organizações que instaram o governo chinês a libertar todos os profissionais encarcerados, tendo a segunda dado especial atenção aos casos de Qi Chonghuai, He Yanjie e Ma Shiping, detidos desde Junho de 2007 em Shandong após terem denunciado um caso de corrupção no seio do Partido Comunista Chinês.
Segundo a WAN, os três repórteres são acusados de chantagem e suspeita de fraude e a sua detenção prolongada contraria a própria lei chinesa, tendo o prazo para os julgar expirado em Dezembro.
Por seu turno, a FIJ destaca que apesar de sinais positivos como a libertação de Ching Cheong, Li Changqing e, mais recentemente, Yu Huafeng, ex-editor do Southern Metropolis Daily libertado a 8 de Fevereiro, após cumprir quatro dos oito anos de prisão a que foi condenado por alegada corrupção a liberdade de imprensa e de expressão no Império do Meio ainda é bastante precária.
A FIJ revela-se ainda preocupada com notícias recentes de que a Associação Olímpica Britânica (BOA) alertou os seus atletas para não falarem publicamente de assuntos sensíveis na China, bem como com a posição de um porta-voz do comité de organização dos Jogos, que relembrou aos atletas que deveriam seguir a Carta Olímpica, a qual não autoriza actos políticos.
A organização de jornalistas instou ainda o Comité Olímpico Internacional (COI) a garantir que o país anfitrião dos Jogos cumpra o que prometeu e garanta que os abusos de direitos humanos não serão mascarados com referências ao espírito olímpico, pois este não justifica a repressão e abusos aos direitos humanos.