Pressões crescentes sobre jornalistas na Eslovénia

Durante o último ano as condições para o exercício do jornalismo profissional deterioraram-se na Eslovénia, afirma a Federação Europeia de Jornalistas (FEJ), que tem acompanhado a situação de perto e se diz muito preocupada com as pressões das autoridades e o nivelamento por baixo do padrão de vida dos jornalistas.

De acordo com a organização europeia, as negociações colectivas estão num impasse devido a mudanças legislativas que requerem uma transformação na associação de patrões, ao mesmo tempo que vários órgãos de comunicação ignoram o acordo colectivo existente e muitos jornalistas são obrigados a trabalhar em regime freelance.

Além disso, têm sido bastantes os relatos de pressões, interferências directas das administrações dos jornais no trabalho dos jornalistas e até ameaças que visam conduzir à autocensura e à demissão de analisar criticamente o trabalho das autoridades ou outros, por tal ser potencialmente prejudicial aos interesses das empresas de média.

Segundo a FEJ, há quatro casos particularmente problemáticos: a emissora pública RTV Slovenia e os diários “Delo”, “Primorske novice” e “Večer”. Nestes órgãos, os jornalistas escrevem artigos que nunca são publicados e que apenas têm em comum o facto de apresentarem uma visão crítica de determinadas decisões e políticas governamentais.

No entanto, há situações em que os artigos são publicados, mas com as partes mais prejudiciais às autoridades eliminadas e, em casos mais graves, com frases que nunca foram escritas pelo jornalista acrecentadas à peça, que é identificado como o seu autor.

Os jornalistas que desafiaram estas práticas e/ou informaram o público das mesmas têm sido alvo de cortes no salário, transferências para outros departamentos, procedimentos disciplinares e ameaças de despedimentos, entre outras coisas, uma vez que as administrações impõe uma interpretação restritiva das leis e consideram os deveres do jornalista para com o patrão superior à responsabilidade deste para com o público.

Discordando desta interpretação da lei, a FEJ encoraja as organizações de jornalistas eslovenas a denunciarem publicamente todos os casos e expressa o seu total apoio à luta dos camaradas eslovenos pela independência dos jornalistas, pela credibilidade da informação e pela defesa de padrões mínimos de autonomia editorial aquando da revisão do contrato colectivo nacional da classe.

Partilhe