Presidente alerta para “situação de emergência” no jornalismo

Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou entrega dos Prémios Gazeta para lançar debate sobre o papel do Estado na comunicação social.

O Presidente da República alertou para a “situação de emergência” que se vive do jornalismo português, questionando o papel do Estado para resolver um “problema democrático”.
“Até que ponto o Estado não tem a obrigação de intervir?”, perguntou Marcelo Rebelo de Sousa, que entregou os Prémios Gazeta na terça feira à noite, observando que “a situação de emergência da comunicação social está a agravar-se” e que se “vai descendo de patamar em patamar”.
O chefe de Estado confessou que, inicialmente, não reagia bem à ideia de uma intervenção estatal no setor da comunicação social, mas agora acredita que é importante perguntar se “não será possível uma forma de intervenção transversal, a nível parlamentar, que correspondesse a um acordo de regime”.
“Não sei, verdadeiramente, quais são as pistas. Tenho para mim esta preocupação, que é: não queria terminar o meu mandato presidencial com a sensação de ter coincidido com um período dramático da crise profunda da comunicação social em Portugal. E, portanto, da liberdade em Portugal e, portanto, da democracia em Portugal”, admitiu.
O Sindicato dos Jornalistas recorda que, em audiência com o Presidente da República, em junho deste ano, o tema da intervenção do Estado esteve na agenda.
Nessa altura, o SJ defendeu, junto do Presidente, a necessidade de refletir sobre o papel do Estado no setor da comunicação social, sublinhando que o jornalismo não pode ser apenas encarado como um negócio, pois é, sobretudo, um serviço público.
Em resposta, Marcelo Rebelo de Sousa demonstrou abertura para promover essa reflexão, agregando todos os intervenientes do setor.
Uma eventual intervenção do Estado, disse Marcelo Rebelo de Sousa na terça-feira à noite, pode passar por “apoiar financeiramente, economicamente, encontrar decisões ou medidas que minimizem este tipo de crise”, como, por exemplo, o porte pago, com grande impacto na imprensa regional e local.
O Presidente da República apelou a que se estude “o que se faz lá fora”, nomeadamente em relação às “grandes plataformas multinacionais” que utilizam conteúdos jornalísticos sem pagarem por eles.
Dirigindo-se aos premiados com os Gazeta 2017 e aos outros jornalistas presentes na sala, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou: “Este tempo é um tempo de resistência. Vão ter de resistir para poder vencer. Eu vou ver o que posso fazer para ajudar nessa resistência, mas só resistindo é que se conseguirá vencer”.
O Presidente da República prometeu ver o que pode fazer, em resposta aos apelos à vigilância lançados pelos jornalistas premiados.
Os Prémios Gazeta 2017, uma iniciativa do Clube de Jornalistas, foram entregues a Adriano Miranda, do Público (Fotografia), Joana Gorjão Henriques, do Público (Imprensa), João Santos Duarte e Tiago Miranda, do Expresso (Multimédia), Cláudia Arsénio, da TSF (Rádio), Pedro Coelho, da SIC (Televisão), e Margarida David Cardoso, do Público (Revelação).
Luís Filipe Costa recebeu a Gazeta de Mérito e o jornal Correio da Feira foi distinguido com o Prémio Gazeta Regional.

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