Precariedade laboral e desemprego preocupam jornalistas espanhóis

Pela primeira vez, a precariedade laboral e o desemprego tiraram o primeiro lugar às interferências externas como principal preocupação dos jornalistas espanhóis, revelou Pedro Farias, responsável pelo Relatório Anual da Profissão Jornalística em Espanha, durante o XIII Seminário Internacional de Jornalismo e Meio Ambiente.

Esclarecendo que o relatório completo será apresentado em Dezembro, Pedro Farias destacou que os inquiridos apontam como razões para a precariedade laboral “as estratégias das empresas para reduzir custos, a desvalorização do posto de jornalista ou o excesso de mão de obra” e adiantou que o número de jornalistas desempregados em Espanha passou de 3030, em 2008-2009, para 6500 no ano transacto.

Sublinhando que, se acrescentarmos os estudantes que todos os anos terminam o curso nas faculdades de comunicação, o número ascenderá aos 10 mil jornalistas, Pedro Farias divulgou ainda um dado curioso: apesar de terem uma imagem “normal ou má” da profissão, os jornalistas encorajam os filhos a seguir o mesmo ofício.

Garantindo que “a Internet se consolidou como principal fonte informativa”, o investigador adiantou igualmente que 68,2% dos inquiridos “reconhece abusar das fontes anónimas”, enquanto 83,9% “declara não contrastar suficientemente a informação”. O estudo indica ainda que, no seio da classe, o meio com maior credibilidade é a rádio e o com menor credibilidade é a televisão, o que diverge da impressão dos cidadãos, que vêem a TV como o meio mais credível.

No mesmo encontro, houve ainda uma intervenção de Fernando González Urbaneja, presidente da Associação da Imprensa de Madrid (APM), que qualificou a profissão como um “tormento”, porque os profissionais “gostam do que fazem, não gostam de como o fazem, estão decepcionados, mas mantêm a esperança”.

Reconhecendo uma “perda do prestígio social” da profissão desde os anos 90 até à actualidade, o dirigente da APM prevê que o futuro do jornalismo passará por mudanças em áreas como “a gestão das fontes e da documentação, a forma de trabalho e os centros de interesse”, mantendo-se, contudo, o mandamento de “informar a sociedade com veracidade e publicar notícias interessantes”.

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