Precariedade e baixos salários afectam qualidade dos média

A insegurança no emprego e os baixos salário têm um efeito negativo na qualidade do jornalismo e podem pôr em causa o papel dos média como “cães de guarda” da sociedade, alerta um relatório divulgado a 7 de Junho pela Federação Internacional de Jornalistas (FIJ).

O estudo, apresentado na 95.ª Conferência da Organização Internacional de Trabalho (OIT), em Genebra, pelo secretário-geral da FIJ, Aidan White, inclui os resultados de um inquérito a 41 jornalistas membros de organizações de 38 países.

Intitulado “A Mudança de Natureza do Trabalho: inquérito global e estudo do trabalho atípico na indústria dos média”, o documento exprime fortes preocupações com o efeito das alterações das condições de trabalho dos jornalistas na qualidade dos média.

Segundo a FIJ, os trabalhadores atípicos – freelancers, eventuais, trabalhadores com contratos a prazo e temporários – representam cerca de 30% dos membros das organizações filiadas na FIJ e esta tendência coloca novos desafios na batalha pelo jornalismo de qualidade.

“A relação entre jornalistas e trabalho é particularmente importante dada a relação entre os média e a democracia”, lembrou o secretário-geral da FIJ, sublinhando que “se o emprego dos jornalistas é precário e está ameaçado, é mais difícil para eles resistirem às pressões para publicarem histórias que satisfaçam os interesses comerciais ou dos governos, é mais difícil levarem a cabo jornalismo de investigação, e mais difícil influenciarem a linha editorial”.

De acordo com o relatório, que teve o apoio da OIT, regista-se uma tendência para a privatização dos média estatais e para a substituição dos jornalistas seniores experientes por jovens licenciados com relações de trabalho precárias. Em consequência disso, a média dos salários parece ter caído em termos reais nos últimos cinco anos, ao mesmo tempo que se generaliza o pagamento à peça.

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