Portugal desce na classificação da RSF

O índice de liberdade de imprensa no mundo da Repórteres Sem Fronteiras (RSF) colocou este ano Portugal no 30.º lugar, o que representa uma queda de 14 lugares face a 2008.

A descida parece ser justificada pelo “desrespeito pelo direito à protecção das fontes”, sendo apontado a propósito o caso do “24 Horas” e a apreensão dos computadores dos jornalistas Jorge Van Krieken e Joaquim Eduardo Oliveira, que em artigo identificaram os “nomes dos detentores dos números de telefones pertencentes a altas figuras citadas no inquérito sobre o maior escândalo de pedofilia do País” (Casa Pia).

Dos restantes países de língua oficial portuguesa, só o Brasil (71.º) e Moçambique (82.º) melhoraram a sua posição, tendo todos os outros descido em relação a 2008: Cabo Verde é agora 44.º (era 36.º), Timor é 72.º (era 65.º), a Guiné-Bissau é 92.ª (era 81.ª) e Angola está no 119.º lugar (estava no 116.º), de entre 175 países.

Como de costume, a tabela é liderada pelos países do Norte da Europa, com a Dinamarca, a Finlândia, a Noruega, a Suécia e a Irlanda a ocuparem o primeiro lugar ex-aequo; enquanto os últimos lugares cabem a Birmânia, Irão, Turcomenistão, Coreia do Norte e Eritreia.

Na classificação deste ano, a RSF destaca que muitos países europeus deram tombos consideráveis, como a Eslováquia (do 7.º para o 44.º lugar) – devido à interferência do governo nas actividades dos média – e a Croácia (do 45.º para o 78.º posto) – onde grupos de crime organizado têm sido responsáveis por ataques físicos contra jornalistas.

O secretário-geral da organização, Jean-François Julliard, lamentou que ano após ano países como a França (43.º) e a Itália (49.º) desçam na tabela, uma vez que “a Europa devia dar o exemplo no que toca às liberdades civis” e referiu o “efeito Obama”, que permitiu aos EUA recuperar 20 lugares no índice, sendo agora 20.º.

Metodologia

De acordo com a “Nota Metodológica” divulgada no sítio da RSF, a classificação atribuída a cada país é apurada com base nas respostas a um questionário, igualmente disponível online. O questionário é preenchido pelas organizações que colaboram com a RSF, por uma rede de 130 correspondentes e por jornalistas, investigadores, juristas ou militantes dos direitos humanos. Um barómetro elaborado pela RSF atribui, posteriormente, uma nota a cada questionário.

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