Polícia australiano fez-se passar por jornalista

A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) considera inaceitável que um agente da polícia australiana se tenha feito passar por jornalista freelance para conseguir levar a cabo uma prisão.

“Trata-se de uma interferência inaceitável no jornalismo que põe em risco os repórteres”, afirmou a 21 de Julho Aidan White, secretário-geral da FIJ.

“Se a polícia se disfarça de repórter, como é que alguém pode confiar num verdadeiro jornalista quando ele aparece a fazer perguntas?” – questiona White, fazendo notar que “para os jornalistas poderem levar a cabo a investigação jornalística independente necessitam da boa fé e da confiança do público”.

O caso veio a público a 19 de Julho, quando um tribunal de Sidney ouviu o testemunho do acusador, Desmond Fagan, com os detalhes que levaram à prisão de Seky “Zak” Mallah.

Em 30 de Dezembro de 2003, Mallah, de 21 anos, foi preso por alegado envolvimento na preparação de um ataque terrorista contra a sede do governo australiano, depois de se ter encontrado com um agente disfarçado de jornalista freelance. Segundo o testemunho de Fagan, o suspeito encontrou-se com o agente em três ocasiões para negociar a venda dos direitos exclusivos de uma gravação com a sua “mensagem” explicando as suas intenções e motivações para o ataque.

O incidente suscitou os protestos da Media Entertainment e da Arts Alliance, a que a FIJ se juntou.

Em carta de protesto enviada ao primeiro-ministro da Austrália, a FIJ apela ao governo para que respeite a independência dos média e adverte que, ao fazer passar os seus agentes por jornalistas, a polícia “põe em causa a integridade e a independência dos média e, em casos extremos, pode mesmo pôr em perigo a vida dos jornalistas”.

Partilhe