Plenário do JN exige anulação do processo de rescisões

Os trabalhadores do “Jornal de Notícias” reuniram-se em plenário, em 3 de Outubro, e decidiram, por unanimidade, exigir a anulação imediata dos processos de abordagem selectiva com vista à rescisão de contratos de trabalho.

A moção aprovada por todos os participantes no plenário, convocado pelo Sindicato dos Jornalistas e pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Celulose, Gráfica e de Imprensa, salienta que a administração deve inverter os processos de rescisão já encetados e respeitar a situação profissional dos trabalhadores que manifestem indisponibilidade para sair.

O plenário mandatou ainda os sindicatos para dialogarem com a administração e tomarem as medidas que considerem adequadas, designadamente um novo plenário ou solicitar a intervenção dos organismos competentes.

Os trabalhadores afirmam que do êxito do «Jornal de Notícias» assenta num extraordinário capital de dedicação, energia e criatividade dos que nele trabalham e lembram que a tradição de respeito pelos direitos dos trabalhadores da empresa é inconciliável “com o recurso a métodos de coacção e chantagem”. A moção termina ainda exprimindo a solidariedade para com os trabalhadores do grupo Lusomundo/PT, em particular com os da Someios.

É o seguinte o texto integral da moção aprovada pelos trabalhadores do “Jornal de Notícias”:

MOÇÃO

(APROVADA POR UNANIMIDADE)

“Considerando que

· “A história do êxito da Empresa do «Jornal de Notícias» assenta num extraordinário capital de dedicação, energia e criatividade dos seus trabalhadores;

· “Os trabalhadores sempre demonstraram, ao longo de várias gerações, uma inesgotável capacidade para enfrentar e concretizar sucessivas mudanças técnicas, tecnológicas e organizativas;

· “É essencial a preservação do princípio da livre negociação sem qualquer tipo de pressão para a manutenção do quadro de referência pelo respeito pelos direitos fundamentais dos trabalhadores que, apesar de algumas vicissitudes e desvios ocasionais, a Empresa tem mantido;

· “A tradição de respeito pelos direitos dos trabalhadores ao seu serviço e a imagem de solidez empresarial, prestígio e qualidade são inconciliáveis com o recurso a métodos de coacção e chantagem,

“Os trabalhadores da Empresa do «Jornal de Notícias», SA, reunidos em plenário geral em 3 de Outubro de 2002, decidem:

1. “Reclamar a anulação imediata dos processos de abordagem selectiva a trabalhadores com vista à rescisão dos seus contratos de trabalho;

2. “Considerar que os trabalhadores que adiram a um processo voluntário de rescisão do contrato de trabalho devem beneficiar de uma bonificação que premeie não apenas o tempo da sua vida entregue ao JN, mas também a mais-valia da sua criatividade e dedicação, que permanece na Empresa;

3. “Exigir o respeito incondicional da Empresa pela indisponibilidade que trabalhadores manifestem ou venham a manifestar para rescindir o respectivo contrato, assegurando-lhes a manutenção das condições correspondentes à categoria profissional;

4. “Apelar aos trabalhadores com funções de direcção e chefia para que não aceitem ser instrumentalizados em qualquer processo selectivo de exclusão de trabalhadores;

5. “Aguardar que o Conselho de Administração inverta, num prazo razoável, os processos encetados, sem prejuízo da vontade de trabalhadores eventualmente já contactados, aceitarem negociar a sua saída.

6. “Mandatar os sindicatos para analisar a evolução da situação, dialogar com a Administração e desencadear as acções adequadas, designadamente a convocação de um novo plenário e solicitar a intervenção dos organismos competentes;

7. “Manifestar solidariedade para com os trabalhadores das empresas do grupo Lusomundo/PT, nomeadamente a Someios, objecto de medidas semelhantes e exortar os demais a desencadear acções de apoio para com estes”.

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