Pentágono encerra processo sobre tortura de jornalistas no Iraque

O Pentágono não vai reabrir as investigações ao caso dos três trabalhadores da agência Reuters que alegam ter sido alvo de abusos das tropas norte-americanas em Fallujah, em Janeiro de 2004.

Numa carta enviada a 7 de Março à agência noticiosa, o Pentágono considera que as investigações iniciais foram suficientes para esclarecer o assunto. A Reuters contesta, argumentando que os seus três profissionais – o repórter de imagem Salem Ureibi, o jornalista Ahmad Mohammad Hussein al-Badrani e o motorista Sattar Jabar al-Badrani – nunca foram ouvidos no âmbito das investigações.

Os trabalhadores da agência britânica, assim como o repórter de imagem da NBC Ali Mohammed Hussein al-Badrani encontravam-se a acompanhar as repercussões da queda de um helicóptero dos EUA a 2 de Janeiro de 2004 quando foram detidos por soldados norte-americanos.

Conduzidos a uma base militar perto de Fallujah, onde permaneceram três dias, os trabalhadores da Reuters afirmam ter sido agredidos, privados de sono, obrigados a fazer gestos humilhantes, a morder sapatos e a pôr na boca dedos que antes tinham de introduzir no ânus. Isto enquanto os soldados os ridicularizavam e tiravam fotografias.

O facto do Pentágono dar as investigações como encerradas foi criticado pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e pelo Comité para a Protecção dos Jornalistas. Este último faz notar que “nenhuma investigação pode ser considerada completa ou credível quando os acusadores não foram ouvidos” e sublinha que, “face à gravidade das alegações em causa, o governo dos Estados Unidos tem a obrigação de levar a cabo uma investigação justa e esclarecedora”.

Por seu lado, a RSF considera que, “se já era inaceitável que as autoridades dos EUA tolerassem tais comportamentos dos seus soldados, é ainda mais escandaloso que o governo se recuse a desenvolver uma investigação às alegações de tortura” que, a confirmarem-se, “devem conduzir à punição dos culpados”.

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