Paquistão foi o país mais letal para a imprensa em 2010

Devido a uma série de ataques suicidas, o Paquistão converteu-se no país mais letal para a imprensa em 2010, com pelo menos oito jornalistas mortos no cumprimento do seu dever, indica uma análise do Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) que aponta para um total de 42 jornalistas assassinados ao longo deste ano em todo o mundo.

A lista final será publicada pelo CPJ no início de Janeiro, mas para já a organização adianta que ao longo deste ano foram mortos jornalistas no Paquistão (8), Iraque (4), Honduras e México (3), Afeganistão, Angola, Filipinas, Indonésia, Nigéria, Somália e Tailândia (2) e Bielorrússia, Brasil, Camarões, Colômbia, Grécia, Iémen, Índia, Líbano e Uganda (1).

Além dos 42 casos confirmados, o CPJ está a investigar outros 28 casos para determinar se a morte dos jornalistas envolvidos teve relação com o exercício da profissão. Mesmo que todos se confirmem, o número final ficará abaixo do de 2009, ano em que um massacre de jornalistas nas Filipinas elevou a cifra até aos 72.

“O número de 42 jornalistas mortos em 2010, se bem que menor do que o de anos anteriores, é ainda inaceitavelmente elevado e reflecte a violência dominante que os jornalistas enfrentam por todo o mundo. Do Afeganistão ao México, da Tailândia à Rússia, o fracasso dos estados em investigar estes crimes contra a imprensa contribui para um clima de impunidade que fomenta claramente mais violência”, afirma Joel Simon, director-executivo do CPJ.

O assassinato foi a principal causa das mortes relacionadas com o trabalho jornalístico em 2010 (62%), enquanto a percentagem de jornalistas mortos por fogo cruzado em situações de combate (12%) e durante tarefas de risco como manifestações de rua (26%), foi superior ao habitual.

Em todo o mundo, quase 90% das vítimas foram repórteres locais que cobriam temas que afectavam as suas comunidades, como os três jornalistas mexicanos mortos em 2010, vítimas de represálias de organizações criminosas ou apanhados no fogo cruzado acompanhavam confrontos entre militares e narcotraficantes. Segundo o CPJ, a impunidade nos assassinatos de jornalistas também ronda os 90%.

Partilhe