Os perigos da relação entre jornalismo e poder

O presidente da Federação de Associações da Imprensa de Espanha, Fernando González Urbaneja, alerta que o casamento jornalismo/poderes públicos é “impossível e de difícil relação” por que quando se juntam é “mau para um e mau para o outro”.

Falando num curso de verão que a Universidad Complutense de Madrid está a realizar em San Lorenzo de El Escorial, Urbaneja, citado na edição de 23 de Julho do diário “El Mundo”, referiu os problemas que os jornalistas espanhóis têm enfrentado nos 25 de democracia. Entre esses problemas, destacou a desmobilização da redacções que, em geral, padecem da ausência de debate interno e um sentimento de que a profissão “se lhes escapa das mãos”, e mesmo que “está a morrer”.

Outros dos problemas que Uribe considera afectar mais profundamente o jornalismo é a desproporção entre a relação das fontes com os jornalistas, já que na sua opinião as fontes têm, actualmente, “habilidades e técnicas que ultrapassam os jornalistas”, bem como a tentação do jornalismo espectáculo que pode pôr em causa a verdade, a verificação e contrastação da informação, princípios básicos da profissão.

Advertindo que estes são problemas que transcendem os jornalistas e que respeitam também a toda a sociedade, Urbaneja defendeu a necessidade de os poderes públicos respeitarem o trabalho dos jornalistas.

A propósito da ligação entre jornalistas e poderes, Urbaneja lembrou o ditado que afirma que “quando o pobre come peixe fresco, ou o peixe não está fresco ou o pobre está muito doente”.

E deixou o alerta de que os poderes públicos se têm tornado “muito intrometidos, muito poderosos e muito grandes”, o que coloca o perigo “do abuso e da ditadura”.

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