Os média e a diversidade cultural em debate em Praga

Os jornalistas terão de diversificar mais as “fontes”, dar mais atenção às diferentes culturas, apostar na formação profissional e cumprir as regras éticas e deontológicas para contribuir para uma maior inclusão da diversidade humana. Estas algumas das recomendações feitas num seminário em Praga, capital da República Checa, nos passados dias 5 e 6 de Fevereiro.

O encontro promovido pelo Media & Diversity Institute, com o apoio da Comissão Europeia, no qual participou Otília Leitão em representação do Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas, escolheu 30 iniciativas de mais de 150 executadas ao longo de 2008 por diferentes meios de comunicação social nos vários países da Europa no sentido da inclusão da diversidade.

Mais de uma centena de representantes dos média, políticos, peritos e activistas contra a discriminação na Europa consideraram ser necessário elaborar um “pacote” de recomendações para encorajar os Estados-membros a cumprir e exigir uma maior diversidade cultural nos meios de comunicação social e na forma como cobrem os acontecimentos, dando voz às diferenças nos respectivos tecidos sociais.

Entre as medidas apontadas, destaca-se:

– Os jornalistas e os directores das publicações escritas, de rádio e televisão devem, nos seus trabalhos, interagir com o público sem ofender nem utilizar uma linguagem com estereótipos;

– Torna-se necessário que procurem novos assuntos com diferentes abordagens, privilegiando os depoimentos de outras pessoas menos faladas;

– Os meios de comunicação social devem promover o diálogo e a opinião daqueles que erradamente se designam “minorias” e ouvir as suas ideias e divulgar as suas culturas;

– A sociedade civil deverá ser sensível à liberdade de expressão, mas estar atenta e exigir que os jornalistas não usem linguagem insultuosa e divulguem os aspectos positivos da diversidade humana.

Manual de recomendações para a Europa

A jornalista britânica, natural do Uganda, Yasmin Alibhai-Brown, célebre pela sua luta contra a discriminação, lembrou os problemas recentes ocorridos em Londres com a expulsão de trabalhadores portugueses e italianos, os acontecimentos em Itália protagonizados por jovens que queimaram um cidadão indiano, a opressão e morte de jornalistas e de jovens africanas na Rússia, a violência no Zimbabué.

“A diversidade não é uma coisa simples, nem deve esconder as reais lutas pelos direitos dos seres humanos quer a nível individual, quer enquanto comunidades culturais”, disse aquela colunista do jornal “Independent”.

Um manual de recomendações para os políticos, sociedade civil, organizações não governamentais e jornalistas será publicado entre Março e Abril, para que a Europa continue a ser “uma maravilhosa mistura de cultura e diversidade”, no dizer do secretário-geral da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) Aidan White.

Prémio “Pela Diversidade. Contra a Discriminação”

As jornalistas portuguesas Christiana Martins e Marisa Antunes foram distinguidas com o terceiro lugar do Prémio Europeu de Jornalismo “Pela Diversidade. Contra a Discriminação”. No seu artigo «Elite à prova de racismo», relatam estórias de cidadãos portugueses provenientes de minorias que conseguiram quebrar barreiras e são hoje exemplos de sucesso. O artigo foi publicado no semanário português “Expresso”, no Verão de 2008.

O Prémio Europeu do Jornalismo “Pela Diversidade. Contra a Discriminação” foi entregue pelo comissário Europeu checo, numa cerimónia que decorreu no Palácio Kaiserstejnsky, em Praga, integrada no seminário internacional.

O Prémio de Jornalismo integra-se num conjunto mais amplo de actividades de sensibilização que decorrem sob a égide da campanha de informação da União Europeia «Pela Diversidade. Contra a Discriminação.» A edição deste ano contou com o apoio da European Youth Press e da Associação de Jornalistas Europeus.

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