Organizações internacionais condenam morte de James Miller

A morte do jornalista James Miller, atingido pelo exército israelita na faixa de Gaza, na véspera do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, elevou para cinco o número de jornalistas mortos na Palestina desde 2002 e foi condenada pela Federação Internacional de Jornalistas, Repórteres Sem Fronteiras e Comité para a Protecção dos Jornalistas.

James Miller foi atingido no pescoço quando cobria a destruição de uma casa pelo exército de Tel-Aviv em Rafah. De acordo com o testemunho de outros jornalistas no local, estava perfeitamente identificado como profissional de televisão e mostrou uma bandeira branca enquanto se movimentou no local.

Testemunhas citadas no sítio do Comité para a Protecção de Jornalistas (CPJ) afirmaram que Miller e a respectiva equipa avançaram em direcção aos soldados agitando uma bandeira branca, avisando-os, em árabe e em inglês, que eram jornalistas. As imagens captadas pela equipa da Associated Press no local provam esta versão dos acontecimentos e desmentem a posição israelita de que os soldados responderam a disparos. A equipa de Miller estaria a 150 metros dos militares quando o jornalista foi alvejado mortalmente.

O jornalista britânico trabalhava num documentário sobre o conflito na Palestina para a produtora independente HBO. Morreu quando era transportado para o hospital num helicóptero israelita. Miller era um jornalista premiado por vários documentários que realizou. Foi distinguido pela Royal Television Society pelo documentário sobre os Talibã “Por Detrás do Véu” e ganhou um Emmy por “Innocents Lost”, uma investigação sobre abusos dos direitos das crianças em todo o mundo.

FIJ pede inquérito internacional

A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) considerou que as mortes de jornalistas na Palestina e no Iraque exigem “um processo sistemático de investigações independentes conduzidas por autoridades internacionais respeitadas”.

Para o secretário-geral da FIJ, Aidan White, “é necessário pôr fim ao branqueamento da negligência dos comandos militares que permite que jornalistas sejam mortos ou feridos”. A morte de James Miller deve ser objectivo de uma investigação independente e não “atirada para o lado com as declarações de arrependimento do costume”, acrescentou.

O secretário-geral da Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Robert Ménard, exigiu às autoridades israelitas que conduzam um inquérito cujos resultados sejam divulgados publicamente. “É essencial que os responsáveis por esta morte não fiquem impunes e que os autores deste crime sejam identificados claramente”, acrescentou.

O presidente em exercício do CPJ, Joel Simon, exigiu “uma investigação exaustiva e transparente a este incidente chocante” , acrescentando que “o exército israelita deve punir os responsáveis pela morte de James Miller”.

A 19 de Abril, um operador de câmara palestiniano, Nazeh Darouazi, foi morto por soldados israelitas apesar de estar também visivelmente identificado como jornalista. A RSF afirmou que vai conduzir o seu próprio inquérito à morte de Darouazi.

A RSF e outras organizações de defesa dos jornalistas vêm acusando Israel de alvejar os jornalistas que estão a cobrir a Intifada e culpam o governo de Ariel Sharon por não ter investigado seriamente nenhuma das mortes de jornalistas ocorridas desde o ano passado. O CPJ elegeu mesmo a Palestina como um dos dez piores lugares do mundo para os jornalistas trabalharem.

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