Olímpicos: jornalistas ou atletas sujeitas a assédio é “intolerável”

A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) apela à erradicação do sexismo no desporto, no mesmo dia em que começam, em Tóquio, os Jogos Olímpicos. Os destinatários deste apelo são as federações desportivas, mas também a própria comunicação social, os sindicatos e os jornalistas.

Maria Angeles Samperio, presidente do Conselho de Género da FIJ, refere que o tratamento das mulheres jornalistas desportivas pelos meios de comunicação social é idêntico ao que recebem as atletas, considerando que é uma situação que “tem de acabar”, incentivando à realização de “reportagens desportivas inclusivas, igualdade de tratamento para todas as jornalistas desportivas e não mais sexismo no desporto”.

Este apelo vai ao encontro daquele que é o lema da atual edição dos Jogos Olímpicos, “Conhecer as diferenças, mostrar as diferenças”, que se foca na diversidade, a diferença entre indivíduos e a inclusão, “independentemente da idade, etnia, nacionalidade, sexo, orientação sexual, crenças religiosas ou deficiência intelectual ou física”.

Não é a primeira vez que a FIJ expressa a sua preocupação acerca do sexismo no mundo do desporto, uma vez que ainda no período que antecedeu os Jogos Olímpicos, a Federação escreveu ao órgão dirigente do evento para revelar preocupação nesta matéria, apelando à segurança e bem-estar das concorrentes e das jornalistas femininas, “avisando que é intolerável que as mulheres sejam sujeitas a assédio, violência baseada no género, insultos e humilhações”.

Ainda na preparação dos Jogos Olímpicos, houve duas demissões de elementos da organização, como consequência de comentários sexistas: Yoshiro Mori, chefe do comité organizador, demitiu-se depois de comentários sexistas sobre as mulheres na administração desportiva e Hiroshi Sasaki, diretor criativo da cerimónia de abertura, também se demitiu após ter feito um comentário sexista sobre a animadora Naomi Watanabe.

Em síntese, resumem-se os quatro apelos deixados agora pela FIJ:

  1. apela às federações desportivas para que lancem campanhas de prevenção para condenar os ataques contra mulheres jornalistas;
  2. apela às organizações dos media para que recrutem mais mulheres para as secções desportivas das redações e adotem políticas para erradicar o sexismo e combater o assédio, incentivem políticas de igualdade salarial e de igualdade de oportunidades;
  3. apela aos jornalistas para que garantam que a sua reportagem desportiva seja inclusiva e evite estereótipos de género;
  4. apela aos sindicatos de todo o mundo para que contribuam para a proteção das mulheres jornalistas no desporto.

 

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