Nomeações polémicas para agência noticiosa croata

O governo da Croácia nomeou uma veterinária, um recém-licenciado em Direito e um especialista em marketing político para o conselho responsável pela manutenção da independência e imparcialidade da agência noticiosa pública HINA, motivando um coro de protestos de organizações nacionais e internacionais de jornalistas.

A nível nacional, a Associação de Jornalistas Croatas (CJA) e o Sindicato de Jornalistas Croata (TUCJ) acusam o governo de seleccionar candidatos inadequados e temem que o novo conselho se transforme num organismo de nomeados políticos com instruções para seleccionar editores que sejam mais complacentes para com o governo.

De acordo com a lei croata, quatro dos cinco membros do referido órgão devem ser peritos nos campos da economia, do direito, dos média ou da informação, sendo o quinto elemento representante dos trabalhadores da HINA.

O governo justificou as nomeações apresentando a veterinária Dijana Katica como especialista em economia, o recém-licenciado Drazen Jovic como perito em leis, e Bozo Skoko – dono de uma agência de marketing político, o que configura desde logo um conflito de interesses – como experto de média. Como especialista em informação ficou Ivan Rusan, único elemento que transitou do antigo órgão.

O governo vetou entretanto o nome de Vladimir Lulic como representante dos trabalhadores da HINA, alegando que a sua nomeação tinha violado regras processuais.

“O governo croata tem a responsabilidade de garantir que são indicadas para a gestão da agência de notícias pública as melhores pessoas disponíveis”, afirmou Oliver Money-Kyrle, director de programas da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), manifestando-se preocupado com os indícios de que o governo ignorou a “qualidade e a competência em favor de gente que pode comandar e controlar”.

Também Katja Kusec, presidente do TUCJ e jornalista da televisão pública HRT, considera que o conselho “deve ser um órgão independente composto por representantes dos diferentes sectores da sociedade democrática”, com capacidade para “proteger os jornalistas da constante pressão política” a que estão sujeitos.

Por seu turno, Dragutin Luce, presidente da CJA, instou o governo a relançar todo o processo e a torná-lo mais transparente no que toca aos critérios de selecção.

Ambas as organizações temem que o executivo venha a fazer o mesmo tipo de escolhas polémicas aquando da nomeação do conselho de administração da HRT, que terá lugar no final do ano.

Recorda-se que, em Dezembro do ano passado, a HRT esteve sob fortes ataques durante o debate parlamentar do relatório anual da televisão pública. O ataque gerou acesas críticas dos jornalistas e do público, que viram nisso uma tentativa de impor a agenda do governo à HRT.

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