Newsweek adopta novas regras

Richard M. Smith, chefe-de-redacção da revista “Newsweek”, explicou em carta aos leitores quais as novas regras pelas quais a publicação se vai guiar para evitar a repetição de casos como o do artigo sobre a alegada profanação do Corão em Guantanamo.

Após o pedido de desculpas públicas – o qual não implicou a negação da veracidade da história, mas apenas o reconhecimento de que a fonte mudou de ideias sobre o que tinha dito inicialmente –, a redacção remeteu-se a um período de reflexão que culminou com a definição dos princípios que vão passar a guiar a publicação no futuro.

Richard M. Smith garante que “com base no que agora sabemos, nada sugere uma actuação pouco ética ou pouco profissional. O repórter veterano Michael Isikoff confiou numa fonte governamental bem colocada e historicamente de confiança”.

“Procurámos comentários de um porta-voz militar (que recusou) e contámos toda a história a um responsável sénior do Departamento de Defesa, que contestou uma alegação (que mudámos) e nada disse acerca da acusação de profanação do Corão. (…) Erradamente, tomámos o silêncio dele como uma confirmação do caso”, assume o chefe-de-redacção da “Newsweek”.

Como tal, a revista decidiu clarificar e fortalecer a sua política de confirmação interna das notícias, a começar pelo uso de fontes anónimas, o qual só passa a ser permitido mediante a autorização de alguns editores de topo seleccionados.

A “Newsweek” compromete-se também a ajudar o leitor a compreender a relação da fonte com a informação e quais as razões para o pedido de anonimato. Além disso, a expressão “fontes disseram” nunca mais será a única base para qualquer notícia na revista.

A publicação diz ainda que vai procurar sempre outras formas de corroborar a informação dada pela fonte anónima e recusará os silêncios tácitos como confirmação de qualquer história.

E como “a confiança é difícil de ganhar e fácil de perder”, Richard M. Smith promete que a “Newsweek” fará tudo para colocar o rigor à frente do impulso de dar a história em primeiro lugar, ainda que isso represente uma “desvantagem competitiva” para a revista.

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