Negociações sobre os limites à cobertura do Mundial 2006 abortadas

As negociações acerca da cobertura pela imprensa do Campeonato do Mundo de Futebol de 2006 na Alemanha foram abortadas, depois da Federação Internacional de Futebol (FIFA) ter ignorado as principais objecções da Associação Mundial de Jornais (WAN) e de várias agências noticiosas e tentado impor uma versão final das regras fazendo algumas alterações “cosméticas” às exigências iniciais.

O fim abrupto das negociações ocorreu dias depois da primeira reunião do grupo de trabalho composto por representantes da imprensa e da federação de futebol, realizada a 13 de Fevereiro, quando a WAN recebeu uma carta da FIFA com a “versão final” das condições em que os jornalistas podiam cobrir o evento.

A FIFA pretende proibir a publicação de fotografias na Internet durante os jogos e limitar o número de imagens usadas a cinco por cada parte e a duas em eventuais prolongamentos, por forma a proteger os seus interesses comerciais.

Estas restrições são impostas como condição de acesso ao Mundial e os média são obrigados a aceitá-las por forma a obterem acreditação para o evento. Em caso de violação das regras, os órgãos podem ser expulsos e sofrer processos judiciais, sendo que a FIFA responsabiliza as agências noticiosas por eventuais quebras do embargo ou publicação de demasiadas fotografias por parte dos seus clientes.

A WAN e as agências noticiosas consideram esta posição escusada, uma vez que a cobertura na Internet não ameaça as transmissões televisivas, e mostraram-se dispostas a prosseguir as negociações, apesar de estarem igualmente a ponderar tomar medidas legais, avisar os patrocinadores do Mundial da “clara perda de exposição mediática devido às restrições impostas pela FIFA” e alertar os líderes políticos europeus para a violação das convenções de livre acesso e livre circulação da informação.

Em carta ao presidente da FIFA, Sepp Blatter, os responsáveis máximos da WAN e da Agência France Presse afirmaram que “as restrições à cobertura jornalística do Mundial 2006 não só privam os leitores e clientes de aceder a informação importante sobre um acontecimento público, como também constituem uma interferência na liberdade e independência editorial e uma clara violação do direito à liberdade de informação que está inscrito em diversas convenções internacionais”.

Timothy Balding, da WAN, e Pierre Louette, da Agência France Presse, lamentaram ainda que em nome da maximização da exploração comercial de um evento, a FIFA vire as costas aos média que, diariamente e ao longo de décadas, têm dado vida ao futebol em todas as suas diferentes manifestações e em todo o mundo.

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