Na morte de Urbano Tavares Rodrigues

A Direcção do Sindicato dos Jornalistas tomou conhecimento, com profundo pesar, da morte do escritor e antigo jornalista Urbano Tavares Rodrigues, ocorrida hoje, 9 de Agosto, aos 89 anos.

Escritor, ensaísta, tradutor e professor universitário, Urbano Tavares Rodrigues, irmão do jornalista e também escritor Miguel Urbano Rodrigues, nasceu em Lisboa em 6 de Dezembro de 1923.

Licenciado em Filologia Românica, em 1949, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde chegou a ser nomeado assistente, tendo sido impedido de leccionar durante o fascismo, foi leitor de Português nas universidades de Montpelier (1949-52) e da Sorbonne (1952-55).

Mais conhecido pelo público como escritor, ensaísta e crítico, com uma vasta bibliografia de seis décadas, e professor universitário (depois do 25 de Abril, pôde voltar a ensinar na Faculdade de Letras, onde se jubilou em 1993), Urbano Tavares Rodrigues foi também jornalista, tendo sido sócio do Sindicato dos Jornalistas entre 1948 e 1977.

Tendo iniciado a carreira na Redacção do “Diário de Notícias” em 1948, com a categoria de repórter-informador, Urbano Tavares Rodrigues trabalhou também nos jornais “O Século” e “Diário de Lisboa”, demitindo-se deste último, em Outubro de 1961, num dos mais exemplares casos de solidariedade e de camaradagem que o SJ regista com orgulho.

Por essa altura, um conjunto de jornalistas ao serviço do “Diário de Lisboa” desencadeara um processo de reivindicação de pagamento e compensação do trabalho suplementar, que veio a culminar com o despedimento arbitrário de dois jornalistas com o “carácter de exemplo, para reinstaurar na redacção uma disciplina diversa daquela que dera aso às pretensões referidas”, segundo relatou ao SJ.

Em solidariedade para com esses camaradas – José Sasportes e Carlos Veiga Pereira – Urbano Tavares Rodrigues demitiu-se do DL, cujo quadro redactorial integrava desde 1955 e onde se destacara como crítico de teatro, embora tenha realizado também inúmeras reportagens.

De entre a sua obra literária, destacamos, não só por ser um livro marcante na sua bibliografia, mas sobretudo pela ligação ao universo do jornalismo, o romance “Os Insubmissos”. Neste, reflecte sobre as possibilidades de escolha do próprio destino a partir da experiência da “bela mais aventura jornalística” da época, que foi o “Diário Ilustrado” (1956-1963), chefiado pelo irmão, embora ele próprio tenha declinado o convite para integrar a sua Redacção.

Militante comunista, Urbano Tavares Rodrigues não foi apenas impedido de ensinar; foi perseguido pela PIDE e sofreu várias prisões.

O corpo de Urbano Tavares Rodrigues é velado a partir das 19 horas de hoje, 9 de Agosto, na Sociedade Portuguesa de Autores.

A Direcção do Sindicato dos Jornalistas apresenta as mais sentidas condolências ao jornalista Miguel Urbano Rodrigues e restantes familiares e amigos do antigo camarada de profissão e sócio do SJ agora desaparecido.

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