Na morte de Matos Maia

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) tomou conhecimento com profundo pesar do falecimento do apresentador e realizador de rádio Matos Maia, a 4 de Março, aos 73 anos, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, vítima de doença prolongada.

José Matos Maia iniciou a sua carreira aos 18 anos, no extinto Rádio Peninsular, em Lisboa. Colaborou depois como produtor e realizador noutras emissoras: Voz de Lisboa, Rádio Graça, Clube Radiofónico de Portugal e Rádio Restauração. Em 1956 ingressou na Rádio Renascença, onde, em 1958, realizou “A Invasão dos Marcianos”, uma emissão baseada no livro “A Guerra dos Mundos”, de H. G. Wells, que foi interrompida pela PSP. Matos Maia foi detido e interrogado pela ex-PIDE.

Em 1960 foi para o antigo Rádio Clube Português, onde realizou vários programas e chegou a coordenador-geral da estação. Também adaptou, dirigiu e realizou folhetins para a rádio, entre os quais “A Queda de um Anjo”, de Camilo Castelo Branco, “Quando os Lobos Uivam”, de Aquilino Ribeiro, “As Cidades e as Serras”, de Eça de Queirós, e “Mau Tempo no Canal”, de Vitorino Nemésio.

Após o 25 de Abril participou na transformação do Rádio Clube Português na Rádio Comercial, no âmbito da RDP, onde foi director.

Matos Maia é autor, entre outros, do livro “Aqui, Emissora da Liberdade”, no qual relata a ocupação do antigo Rádio Clube Português na madrugada de 25 de Abril de 1974 e a sua transformação em posto de comando do Movimento das Forças Armadas, donde foram em emitidos comunicados e avisos que seriam importantes para o sucesso das operações e para o apoio da população ao golpe militar.

O corpo de Matos Maia encontra-se em câmara ardente, na Igreja de São Mamede, em Lisboa, donde sairá o funeral, na manhã de 6 de Março.

A Direcção do SJ apresenta as mais sentidas condolências aos familiares e amigos do companheiro da rádio agora falecido.

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