Na morte de Fernando Pessa

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) associou-se às manifestações de pesar pela morte de Fernando Pessa, ocorrida na segunda-feira, 29 de Abril. «Num último adeus a Fernando Pessa, a melhor homenagem que podemos prestar-lhe há-de ser a luta continuada pelos valores profissionais que serviu em vida», afirma-se no comunicado da direcção, que recorda «um associado que prestigiou a classe e o seu sindicato».

O decano dos jornalistas portugueses morreu na madrugada de segunda-feira, 29 de Abril, poucos dias após ter completado cem anos. O Sindicato dos Jornalistas presta homenagem a um jornalista ímpar, que se distinguiu através de valores como o respeito pelo público, a exigência da qualidade, a elegância e a defesa da democracia, que ficará na memória do jornalismo português.

Na morte de Fernando Pessa

O Sindicato dos Jornalistas curva-se perante a memória de Fernando Pessa, falecido hoje em Lisboa. O jornalista morreu, mas a dignidade do seu porte fica connosco, na memória do jornalismo português. Ao chorar a morte de um associado que prestigiou a classe e o seu Sindicato, a direcção do SJ sublinha alguns valores que foram seu distintivo: o seu respeito pelo público e pelo direito de informar, o amor à profissão, a exigência de qualidade e de elegância de estilo, o culto da Língua e da palavra, a atenção à vida.

Fernando Pessa sabia escolher as suas causas, tinha aquela capacidade rara de vibrar com os grandes e os pequenos temas das suas reportagens, sem nunca abandonar o lugar certo do distanciamento profissional. Não era um tecnocrata frio – tinha o condão de compatibilizar o rigor objectivo com uma grande sensibilidade pessoal na abordagem dos factos e na forma da mensagem. Foi assim que ultrapassou todas as barreiras políticas e culturais. Logo durante a Segunda Guerra Mundial, Fernando Pessa fez-se ouvir pelos mais diversos sectores da sociedade portuguesa, como cronista da causa dos Aliados contra o Nazismo hitleriano, que era apoiante do regime salazarista. Mais tarde, sobretudo como jornalista da RTP, as suas causas foram os problemas do quotidiano – e a sua voz cidadã identificou-se com as pessoas e a cidade de Lisboa. Era um clarividente defensor do Serviço Público de Televisão e lutava na prática pela dignificação da RTP.

Foi um homem da convivência democrática com jornalistas e políticos de todos os quadrantes, que bem sabia identificar. Depois do 25 de Abril, pôde aderir ao Sindicato dos Jornalistas, a que se manteve solidário até ao fim, sabendo reduzir ao devido valor as disputas de circunstância que atingiram a classe durante vários anos.

Num último adeus a Fernando Pessa, a melhor homenagem que podemos prestar-lhe há-de ser a luta continuada pelos valores profissionais que serviu em vida.

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