Na morte de Carlos Miranda

Ao tomar conhecimento da morte do jornalista Carlos Miranda, a Direcção do SJ enviou à viúva e ao director do jornal «A Bola» uma mensagem de condolências, em que rememorou o seu papel em defesa da sindicalização e da igualdade de direitos dos jornalistas desportivos, a par do importante contributo que deu para transformar o ciclismo numa modalidade mediática em Portugal.

A Direcção do Sindicato dos Jornalistas tomou conhecimento, em circunstâncias lamentavelmente tardias, da morte do jornalista Carlos Miranda, antigo director do jornal «A Bola». Concorreu para isso o facto de o seu falecimento se ter verificado durante um fim de semana, período durante o qual os serviços do Sindicato se encontram encerrados. Por tal motivo, a Direcção não pôde fazer-se representar no funeral, mas não quer deixar de testemunhar à família enlutada e à Redacção do jornal «A Bola», cujo título Carlos Miranda enobreceu em todos os cargos que desempenhou, as suas mais sinceras condolências.

Sócio n.º 273 do Sindicato dos Jornalistas, onde se filiou em 1972, Carlos Miranda integrou a Comissão dos Jornalistas Desportivos que, no princípio dos anos 70, batalhou porfiadamente pelo reconhecimento da igualdade de direitos dos jornalistas desportivos em relação aos demais camaradas de profissão. Esse reconhecimento, que é hoje um dado adquirido e indiscutível, representou uma conquista que exigiu um forte empenhamento de prestigiados jornalistas como Carlos Miranda, o qual, em documento de 1973 dirigido ao presidente do Sindicato, o exortava a enfrentar a oposição do antigo Grémio da Imprensa Não Diária, afirmando:

«Nós, os profissionais da imprensa desportiva, não queremos ser considerados cidadãos de segunda. Acolhidos no Sindicato, depois de tanta luta e tanta espera, repugna-nos a formação de clãs. Somos todos trabalhadores do jornalismo, devemos ter o mesmo estatuto, o mesmo contrato.»

Relembrar esta posição de Carlos Miranda, o seu espírito de justiça e o seu empenhamento na defesa dos legítimos direitos dos seus camaradas de profissão, é o nosso tributo em honra da memória do grande jornalista que, entre outros méritos, contribuiu para tornar o ciclismo, em Portugal, uma modalidade digna de manchete.

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