Na morte de Augusto Abelaira

O Sindicato dos Jornalistas recebeu com profundo pesar a notícia da morte do escritor e jornalista Augusto Abelaira, uma perda irreparável para a cultura portuguesa.

Augusto Abelaira nasceu em Março de 1926, em Ançã, Cantanhede. Licenciado em Histórico-Filosóficas, viria a trocar a profissão de professor pela de jornalista. Colaborou durante longos anos no semanário “O Jornal” e no “Jornal de Letras”, a cujo Conselho Editorial pertenceu. Foi director das revistas “Vida Mundial” e “Seara Nova”, e director de programas na RTP.

Mas foi como escritor que Augusto Abelaira adquiriu notoriedade, sendo considerado um dos mais importantes autores portugueses da segunda metade do século XX. Contudo nunca foi um escritor popular, o que não o preocupava, pois como disse: “Escrevo para um leitor que invento, não me preocupa o número de leitores”.

Augusto Abelaira estreou-se literariamente com “A Cidade das Flores” (1959), romance onde traça o perfil da juventude intelectual lisboeta do pós-guerra. Seguiram-se-lhe várias obras: “Os Desertores” (1960); “As Boas Intenções” (1963), romance que mereceu o Prémio Ricardo Malheiros da Academia das Ciências; “Enseada Amena” (romance, 1966); “Bolor” (romance, 1968); “Quatro Paredes Nuas” (contos, 1972); “Sem Tecto entre Ruínas” (1979), romance que obteve o Prémio Cidade de Lisboa; “O Triunfo da Morte” (romance, 1981); “O Bosque Harmonioso” (romance, 1982); “O Único Animal que” (romance, 1985)”; “Deste Modo ou Daquele” (romance, 1990); “Outrora Agora” (1996), romance que lhe valeu o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, em 1997.

Augusto Abelaira estava a escrever um romance que terá ficado praticamente concluído e em condições de vir a ser editado, embora o escritor alterasse sistematicamente o que escrevia.

Augusto Abelaira morreu a 4 de Julho, no Hospital das Descobertas, em Lisboa, vítima de doença prolongada. O funeral efectua-se dia 6, pelas 10 e 30 horas, de Lisboa para a sua terra natal, Ançã, Cantanhede.

A Direcção do Sindicato dos Jornalistas, do qual Augusto Abelaira foi sócio, apresenta as mais sentidas condolências à sua família.

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