As mulheres na União Europeia ganham menos 15 por cento do que os homens, de acordo com um relatório da Comissão Europeia acerca da igualdade entre géneros. Os resultados do estudo serão apresentados aos líderes da Europa dos 25 durante o Conselho Europeu da Primavera, a 23 e 24 de Março.
A situação desigual afecta também o jornalismo, onde as redacções são cada vez mais compostas por mulheres e os cursos de comunicação social têm – à semelhança da generalidade das licenciaturas do ensino superior português – mais alunas do que alunos.
O documento mostra que a dificuldade em conciliar o emprego e as responsabilidades domésticas tem levado diversas mulheres a abandonar o mercado de trabalho, pelo que a taxa de mulheres a trabalhar fora de casa é 15 por cento inferior à dos homens.
O relatório revela ainda que as mulheres com emprego se encontram, na generalidade dos casos, confinadas a determinados sectores: mais de 40 por cento trabalham na área da educação, saúde ou administração pública, por comparação com menos de 20 por cento dos homens que aí têm funções.
A concentração de mulheres em determinadas profissões que são pior remuneradas leva-as a ganhar menos 15 por cento do que os homens. Além disso, cerca de 32 por cento das mulheres trabalha a tempo parcial, quando apenas sete por cento dos homens o faz.
Pela positiva, o documento destaca que 75 por cento dos novos empregos criados na União Europeia nos últimos cinco anos têm sido conquistados por mulheres, embora os cargos cimeiros das grandes empresas da Europa comunitária continuem em mãos masculinas, já que apenas três por cento das mulheres alcançaram lugares de topo.
Vladimír Špidla, comissário da UE para o Emprego, Assuntos Sociais e Igualdade de Oportunidades, considera que têm de ser realizados mais esforços para terminar com as diferenças laborais em função do género e alcançar as metas económicas estabelecidas na estratégia de Lisboa.
De acordo com o relatório, a ausência de equilíbrio entre a vida familiar e profissional não só afecta a posição das mulheres no mercado de trabalho como contribui para baixar os índices de fertilidade, o que também tem impacto negativo na economia da UE.
Nesse sentido, o estudo sugere aos Estados-membros que avancem com medidas para melhorar os cuidados infantis e tornar o horário laboral das mães mais flexível.
A 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, vai ser lançado um roteiro para a igualdade entre mulheres e homens que incluirá medidas concretas para amenizar o fosso entre géneros a que ainda se assiste.