Movimento de protesto contra encerramento da delegação de Coimbra da Agência Lusa

O anunciado encerramento da delegação de Coimbra da Agência Lusa, a partir de 1 de Junho, está a suscitar um vasto movimento de protesto envolvendo personalidades da vida académica, cultural e política com ligações à Cidade e à Região Centro.

Num documento divulgado ontem, 26, que tem como primeiro subscritor o advogado António Arnaut, antigo ministro dos Assuntos Sociais, mais de 300 cidadãos manifestam o seu apreço pelo “imprescindível serviço público de informação de qualidade” que a delegação da Lusa – integrada por sete jornalistas – presta a Coimbra e à Região Centro, desde os tempos da Anop, nos anos 70.

Contestando a extinção da delegação, enquanto “espaço físico com força simbólica quanto à presença efetiva da agência noticiosa” em Coimbra e na Região Centro, o movimento de cidadãos considera que forçar os jornalistas a “exercer a atividade profissional, isolados em suas casas, em regime de teletrabalho, afastados do enquadramento humano e profissional da redação onde sempre laboraram”, não só “compromete a natureza de um serviço público” que ao longo de décadas deu “visibilidade a toda a região”, como “acentuará a tendência centralizadora da decisão editorial na comunicação social portuguesa, que tem vindo a prejudicar a região centro, sendo contrária aos interesses das autarquias, instituições, empresas e cidadãos em geral”.

No mesmo sentido se pronunciaram os professores da licenciatura de Jornalismo e do mestrado em Comunicação e Jornalismo da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, que em comunicado advertem que “o regime de teletrabalho é suscetível de prejudicar a cultura profissional dos jornalistas geradas em contexto de redação e, por consequência, condicionar a autonomia profissional no respeito de estritos critérios noticiosos, para além de constituir um passo importante na precarização das relações de trabalho”.

Os docentes consideram ainda que o encerramento da delegação da Agência Lusa “poderá ter fortes incidências na prestação de um serviço público de informação sobre a região Centro do país”, tanto mais preocupante quanto se tem vindo a assistir, nos últimos anos, ao “desinvestimento das delegações regionais por parte dos grandes órgãos de comunicação social privados”.

Recorde-se que o Sindicato dos Jornalistas contestou desde a primeira hora a intenção de encerrar as delegações da Lusa em Coimbra, Évora e Faro, tendo denunciado em recentes comunicados os atropelos à lei que têm vindo a ser cometidos neste processo. O SJ solicitou já uma reunião com o ministro da tutela, Miguel Relvas, para discutir o assunto.

Os comunicados acima referidos podem ser consultados nos ficheiros anexos.

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