Morreu Daniel Ricardo

O jornalista, de 73 anos, só deixou o jornalismo no dia em que morreu: esta manhã, 13 de Fevereiro, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

Era o sócio 165 do Sindicado dos Jornalistas. E isso significa que era jornalista há muito tempo – mais de 40 anos.

Viveu o período da censura e gostava de contar episódios desse tempo aos muitos alunos que lhe passaram pelas mãos, tanto no Cenjor (Centro Protocolar de Formação Para Jornalistas), onde começou a dar formação em 1990, como nas escolas do ensino secundário, onde, em 1987, dava aulas de jornalismo.

O gosto pelo ensino do jornalismo fez sempre parte do seu percurso. Deu aulas a muitos dos jornalistas que hoje estão nas redacções e dedicou-se ao estudo da escrita jornalística. Fez parte da equipa fundadora da Visão, em 1993, tendo sido o autor do livro de estilo da revista. Anos antes tinha já sido responsável pelos livros de estilo de O Diário e O Jornal.

Autor de “Ainda Bem que Me Pergunta”, um manual de escrita jornalística ainda usado no ensino da profissão, escreveu também “Manual do Jornalista”, em co-autoria com José Jorge Letria, e “O Jornalismo Explicado aos Jovens”.

O “mestre”, como lhe chama a revista Visão, onde trabalhou até ao fim, partilhou ainda o seu conhecimento enquanto coordenador científico da pós-graduação em Jornalismo Muliplataforma, iniciativa do Grupo Impresa e da Faculdade de Ciências Sociais Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

Traduzido em cargos, o percurso de Daniel Ricardo deixou marca em muitas publicações: começou no jornal A Capital, onde desempenhou funções de chefia, foi repórter nas revistas Flama e Século Ilustrado, foi chefe de redacção do Diário de Notícias, editor de O Diário, chefe de redacção e director-adjunto do jornal Sete, e editor-chefe de O Jornal.

A dedicação de Daniel Ricardo à imprensa não se ficava pelas redacções. Foi admitido como sócio do Sindicato dos Jornalistas em 14 de Janeiro de 1969. Fazia parte do Conselho Geral do Sindicato dos Jornalistas desde 2002 e tinha sido eleito novamente a 18 de Dezembro do ano passado. Foi presidente do Conselho Fiscal do Clube de Jornalistas e integrou o júri dos prémios Gazeta de Jornalismo. Era ainda membro do secretariado da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista.

No prefácio de um dos livros de Daniel Ricardo, José Carlos Vasconcelos, coordenador do gabinete editorial da Visão, escreveu: “Há muito desempenhando lugares de responsabilidade como editor ou em chefias de redacção, e continuando a ser, hoje, editor executivo da Visão, Daniel Ricardo pertence ao grupo dos jornalistas ‘não mediáticos’, que não aparecem nas televisões, não assinam grandes reportagens, notícias de estrondo ou textos de opinião. E que, no entanto, desempenham um papel indispensável, e amiúde decisivo, para a qualidade dessas ‘matérias’ jornalísticas, bem como de muitas outras menos ‘vistosas’, mas de que igualmente todos os órgãos de comunicação social se fazem.”

Daniel Ricardo, 73 anos, só deixou o jornalismo no dia em que morreu: esta manhã, 13 de Fevereiro, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

O velório realiza-se a partir das 17h00 na Igreja Stº. António do Estoril e o funeral é amanhã, às 11h00, para o Cemitério da Guia, em Cascais.

Partilhe