Morreu Baptista-Bastos

Jornalista e escritor tinha 84 anos e era autor de uma vasta obra literária, multipremiada e composta por mais de duas dezenas de títulos. O corpo esteve em câmara ardente, na Sociedade Portuguesa de Autores. O funeral saiu da SPA às 16h30 e a cremação realizou-se no cemitério do Alto de São João às 17h30.

Autor de vasta obra literária, distinguida com inúmeros prémios e composta por mais de duas dezenas de livros, de géneros variados, o jornalista e escritor Armando Baptista-Bastos morreu, aos 84 anos, depois de internamento, durante algumas semanas, no Hospital de Santa Maria, segundo revelou a sua mulher à agência Lusa.

O corpo esteve em câmara ardente, na Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), saindo o funeral da SPA às 16h30. Seguiu-se a cremação no cemitério do Alto de São João.

Conforme contou em entrevista ao jornal A Capital, em abril de 2005, foi “aprendiz de marceneiro, tipógrafo, droguista” e, aos 17 anos, “já andava pelos jornais e era vítima da censura”. Começara, aliás, “a escrever num jornal chamado O Cartaz, um semanário, com uma série de reportagens sobre casas mal-assombradas”, recordou, também nessa entrevista. Como estudante passou pela Escola António Arroio e pelo Liceu Francês.

Sócio do Sindicato dos Jornalistas entre outubro de 1955 e janeiro de 2008, Baptista-Bastos nasceu a 27 de fevereiro de 1933, na Rua do Gravato, em pleno bairro de Caselas. Foi como repórter d’O Século que, no começo de outubro de 1955, dirigiu ao então Sindicato Nacional dos Jornalistas uma solicitação para se filiar.

Na entrevista de agosto de 2005, Baptista-Bastos disse: “Eu não perdoo ao fascismo e ao Salazar terem-me roubado a juventude e adolescência. Quando aconteceu o 25 de Abril, eu tinha 40 anos. Já tinha passado o desemprego, já tinha passado fome mesmo. Tinha passado tudo o que é possível passar. Foi a vida que escolhi – não quero estar aqui com o fado lacrimejante.”

Ao longo dos anos, iria realizar um longo percurso jornalístico, tornando-se figura incontornável do jornalismo em Portugal, em publicações como O Século Ilustrado, O Diário, República, Europeu, Almanaque, Seara Nova, Gazeta Musical, Todas as Artes, Época, Sábado, Diário Popular, Jornal de Notícias, A Bola, Tempo Livre, Jornal de Letras, Artes e Ideias, Expresso, Jornal do Fundão, Correio do Minho, Diário Económico, Diário de Notícias, Jornal de Negócios e Correio da Manhã.

Trabalhou também em rádio (Antena 1 e Comercial) e na televisão, sendo alvo de um memorável registo humorístico por parte de Herman José, a propósito da série de entrevistas para a SIC (Conversas Secretas) em que perguntava: “Onde é que você estava no 25 de Abril?” A pergunta serviria ainda de mote para entrevistas ao serviço do diário Público.

“O Secreto Adeus”, “O Passo da Serpente”, “As Palavras dos Outros”, “Cão Velho entre Flores”, “Elegia para um Caixão Vazio”, “O Homem em Ponto”, “A Colina de Cristal”, “Um Homem Parado no Inverno”, “O Cavalo a Tinta da China”, “No Interior da Tua Ausência”, “As Bicicletas em Setembro” ou “A Bolsa da Avó Palhaça” são apenas alguns dos livros da sua obra literária.

Quanto a galardões, Baptista-Bastos recebeu o PEN Clube Português de Ficção, o Prémio Literário Município de Lisboa, o Prémio da Crítica do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários, o Prémio de Crónica João Carreira Bom e o Prémio Clube Literário do Porto (2006).

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