As autoridades bielorrussas detiveram, desde 14 de Março, cerca de 40 jornalistas, dos quais 20 permanecem sob custódia das autoridades.
Os jornalistas que até ao momento foram detidos – sobretudo bielorrussos, mas também profissionais da Rússia, da Ucrânia, da Geórgia, da Polónia e do Canadá – estão na sua maioria a ser condenados a penas de prisão que rondam as duas semanas, sob a acusação de “ajuntamento ilegal”. Entretanto, alguns deles já foram libertados.
Esta actuação das autoridades mereceu os protestos de organizações como a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e o Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ), assim como da União Europeia e dos Estados Unidos da América.
Contudo, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, tem uma opinião distinta sobre o que se passa no país vizinho e criticou a UE e os EUA por estarem a tentar inflamar a situação na Bielorrússia, dizendo, em declarações à agência Interfax no dia 24 de Março, que não chamaria às acções policiais contra os média que viu na televisão como representativas de “uso da força”.
Apoio à oposição
As autoridades bielorrussas, por seu turno, acusam os EUA e a União Europeia (UE) de usarem os média e diversas “organizações não governamentais” para, primeiro, influenciarem os resultados das eleições e, depois, criarem a ideia de uma contestação generalizada a esses mesmos resultados. Segundo Oleg Stepanenko, correspondente do “Pravda” em Minsk, a capital do país, a acusação baseia-se, entre outros aspectos, no facto de o representante do Departamento de Estado norte-americano, Daniel Fried, ter informado nas vésperas das eleições bielorrussas que os EUA iam dedicar mais 12 milhões de dólares para apoiar a oposição bielorrusa. Ao mesmo tempo, também o representante da União Europeia, Javier Solana, anunciou que a UE vai disponibilizar outros dois milhões de euros “para os meios de comunicação democráticos bielorrussos”.
As acusações subllinham ainda o facto de alguns dirigentes da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), da Comissão e do Parlamento Europeu se terem pronunciado sobre “graves irregularidades durante as eleiçôes bielorussas”, mesmo antes dos observadores da OSCE terem divulgado as suas conclusões sobre o processo eleitoral.
Entretanto, a UE e os EUA impuseram sanções à Bielorússia, que acusam de não respeitar a vontade dos cidadãos.