Lusomundo insensível ao fecho da “Notícias Magazine” no Porto

A administração da Lusomundo Media confirmou a sua insensibilidade ao significado do encerramento da redacção no Porto da “Notícias Magazine”, ao ser confrontada com o manifesto contra o eventual fecho daquela redacção, assinada por figuras de grande prestigio da região Norte e de todo o país.

Em comunicado dirigido ao público e também aos subscritores do documento, a propósito da resposta publicada pela administração da Lusomundo, no “Jornal de Notícias”, na mesma edição em que foi publicado o Manifesto, a direcção do Sindicato dos Jornalistas afirma que a empresa “pretende tornar a “Notícias Magazine” um mero repositório da prestação de trabalho de jornalistas de outras redacções cujos quadros pretende emagrecer, prosseguindo uma ofensiva em várias das suas empresas com vista à rescisão dos contratos de jornalistas e outros trabalhadores, recorrendo a métodos inaceitáveis.”

Essas pressões verificam-se também no “24 Horas”, outro título que é propriedade do mesmo grupo, onde oito jornalistas que a empresa pretende dispensar foram colocados em instalações diferentes da Redacção do jornal e sem tarefas atribuídas.

É o seguinte o texto integral do comunicado da direcção do Sindicato dos Jornalistas.

COMUNICADO

À Administração da Lusomundo Media

Aos subscritores do Manifesto de protesto pelo eventual encerramento da Redacção do Porto da «Notícias Magazine»

Ao público em geral

“Em resposta ao Manifesto de um vasto e diversificado conjunto de cidadãos e personalidades, protestando contra o eventual encerramento da Redacção do Porto da revista “Notícias Magazine”, publicado na edição de 19 do corrente do “Jornal de Notícias”, a Administração da Lusomundo Media (Grupo Portugal Telecom) fez inserir, na mesma edição, um comunicado que suscita as seguintes observações da Direcção do Sindicato dos Jornalistas:

1. “A Administração da Lusomundo Media, sociedade gestora das participações da PT em empresas de Comunicação Social, confrma a sua insensibilidade para a questão essencial que o eventual encerramento da referida Redacção apresenta: o silenciamento de um pólo jornalístico – fundador da “Notícias Magazine” – precisamente no seio da região que garante 70% da circulação desta lucrativa revista.

2. “Para encerrar uma Redacção composta por cinco jornalistas, a Administração da Lusomundo Media não tem outro argumento além da mera arquitectura financeira de circunstância – completamente insensível à fragilidade dos profissionais que este poderoso grupo lança no desemprego – e da sua confessada intenção de instaurar um regime de prestação multiplicada de trabalho nas suas empresas.

3. “Com efeito, para rejeitar a acusação de que o encerramento da Redacção do Porto da NM representaria o isolamento de populações e geografias a que a revista tem dedicado especial atenção, a Administração da Lusomundo Media argumenta com a possibilidade de «alocar jornalistas» das suas redacções do JN e do DN, o que significa que o mesmo grupo pretende alargar de forma inaceitável as obrigações dos profissionais pertencentes aos quadros das várias publicações por si detidas ou participadas.

4. “Em vez de valorizar uma publicação que, sendo distribuída com três dos seus jornais diários, possui identidade própria, a Administração da Lusomundo Media pretende tornar a “Notícias Magazine” um mero repositório da prestação de trabalho de jornalistas de outras redacções cujos quadros pretende emagrecer, prosseguindo uma ofensiva em várias das suas empresas com vista à rescisão dos contratos de jornalistas e outros trabalhadores, recorrendo a métodos inaceitáveis.

5. “No “Jornal de Notícias” jornalistas continuam a ser instados a resolver os seus contratos. Os profissonais do Porto da “Notícias Magazine” continuam a ser pressionados para a rescisão musculada da relação de trabalho que mantêm desde a primeira hora deste inovador projecto editorial, além de lhes serem retirados meios e condições de trabalho. No “24 Horas” foi criada, há dias, uma secção dita de Grande Reportagem constituída exclusivamente pelos oito jornalistas que a empresa pretende dispensar, colocados em instalações diferentes da Redacção do jornal e sem tarefas atribuídas – o que motivou já um pedido de intervenção da Inspecção Geral do Trabalho.

6. “Fazendo tábua rasa das garantias de independência consagradas na Constituição da República e nas leis que regulam o sector, a Administração da Lusomundo Media labora num equívoco – o de que lhe pertence o poder editorial – que não é nada saudável quando se gere o mais importante conjunto de títulos de Imprensa do país.

7. “De facto, no referido comunicado a Administração da Lusomundo Media afirma que “entendeu aceitar a divulgação da publicidade” do Sindicato dos Jornalistas, inserida no JN, ignorando que tal poder de decisão integra irrevogavelmente, por força da Lei, as competências exclusivas do Director da publicação, coadjuvado, em certas circunstâncias, pelo Conselho de Redacção.

8. “Na sequência de outras diligências já desenvolvidas pela Direcção do SJ e na linha do Manifesto, dando eco à opinião dos seus subscritores, insiste-se na urgente tomada de medidas que retemperem e reforcem a Redacção da NM no Porto, ao invés do projectado silenciamento deste importante pólo jornalístico do país.”

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