Liberdade de imprensa na Tailândia em risco

Um tribunal tailandês autorizou o gabinete do primeiro-ministro a exigir à estação televisiva iTV o pagamento, até 6 de Março, de mais de 100 mil milhões de baht (cerca de 2,2 mil milhões de euros) em multas. A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) considera que a decisão põe em risco o futuro da liberdade de imprensa no país.

As multas dizem respeito a uma alegada quebra do contrato de concessão de 30 anos acordado com o governo, pois a estação emitiu menos programas noticiosos do que o estipulado. Porém, tal aconteceu porque, no tempo em que era detida pela Shin Corp, empresa da família do primeiro-ministro deposto Thaksin Shinawatra, a iTV foi autorizada a aumentar o seu conteúdo de entretenimento a expensas da vertente noticiosa.

Segundo notícias da imprensa local, se a estação detida pela Tamasek Holdings não pagar as multas – o que é o cenário mais provável, dado o elevado valor das mesmas – o governo da Tailândia irá retirar-lhe a licença e reclamar para si a pertença das ondas hertzianas ocupadas pela iTV.

“É extremamente perturbador ver o novo governo colocar mais uma vez em perigo a liberdade de imprensa na Tailândia, ao manipular o sistema por forma a controlar directamente as seis estações de TV do país”, comentou o presidente da FIJ, Christopher Warren, lembrando que a iTV foi em tempos conhecida pelo seu jornalismo de investigação incómodo e é actualmente a única estação não detida pelo governo ou pelos militares.

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