Liberdade de imprensa em risco na Coreia do Sul

Receando pelo futuro da liberdade de imprensa na Coreia do Sul, a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) deslocou-se ao país numa missão de emergência e, depois de analisar a situação, avançou com propostas para acabar com o impasse que dura há já cinco meses na emissora televisiva YTN e apelou ao governo para que demonstre o seu compromisso para com o futuro dos média independentes.

A crise na estação começou quando os trabalhadores impediram o presidente Bon Hong Gu de entrar nas instalações, alegando que a nomeação deste no início de 2008 fora política e se devia ao seu trabalho na campanha eleitoral do actual chefe de Estado coreano, Myung-Bak Lee.

Esta confrontação na YTN – que é detida em 60 por cento por empresas públicas – foi ainda marcada por manifestações de rua e protestos em directo, que levaram ao despedimento de seis trabalhadores e à instauração de processos disciplinares a outros 27.

“A contenda assenta num medo genuíno de que o governo quer cortar as asas aos média independentes e críticos do país”, afirmou Aidan White, secretário-geral da FIJ, recordando que o governo coreano tem planeadas novas leis para limitar a liberdade na Internet e para permitir uma maior concentração da propriedade dos média nas mãos de empresários aliados do executivo.

E como o programa de sátira política da YTN foi tirado do ar, “muitos jornalistas estão convencidos de que o governo está a trabalhar nos bastidores para comprometer o jornalismo independente”, diz Aidan White.

Para resolver o impasse, a FIJ sugere que os trabalhadores despedidos sejam readmitidos e que os outros vejam as suas sanções disciplinares levantadas, seguindo-se um período de tréguas de três meses, durante o qual seria monitorizado o progresso de um eventual acordo conjunto que garanta a liberdade editorial.

Realçando a necessidade de encontrar uma solução satisfatória, a FIJ diz que “o que importa é que a YTN volte ao seu papel de emissora independente”, até porque pende sobre a emissora a ameaça de encerramento, já que a comissão de radiodifusão do governo definiu Fevereiro de 2009 como data limite para decidir se renova ou não a licença da estação.

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