Liberdade de expressão ameaçada no Senegal

Alegadas ameaças de um político a jornalistas de uma rádio e a condenação de um director de jornal a seis meses de prisão por difamação levam a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) e o Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) a considerar que há “ameaças ao jornalismo independente e à liberdade de expressão” no Senegal.

O primeiro caso a ocorrer foi o de Ndiogou Wack Seck, director do “Il est midi”, que a 17 de Abril foi condenado a seis meses de prisão, uma multa de 40 milhões de francos CFA (60 900 euros) e ainda três meses de suspensão do jornal, por “difamar” o advogado Ousmane Sèye e Alex Ndiaye, amigo do presidente Abdoulaye Wade.

O artigo que motivou a condenação de Ndiogou Wack Seck foi publicado a 14 de Novembro de 2006 e acusava os dois queixosos de terem aceite subornos do ex-primeiro-ministro Idrissa Seck durante as negociações que conduziram à libertação deste, que havia sido condenado a sete meses de prisão por desviar dinheiros públicos no município de Thiès, ao qual presidia.

No dia seguinte à condenação do director do “Il est midi”, a Radio Disso FM foi alegadamente alvo de ameaças do político Moustapha Cissé Lô que, insatisfeito com declarações de um ouvinte relativas à sua pessoa, terá dito: “mato o primeiro que diga o meu nome na estação. E depois envio os meus homens para vandalizar a rádio”.

O político nega ter feito semelhantes ameaças, mas Ibrahima Benjamin Diagne, director da rádio, garante que foi realmente ameaçado, motivo pelo qual vai avançar com um processo contra Moustapha Cissé Lô, no qual conta com o apoio do Sindicato Nacional dos Profissionais da Comunicação Social do Senegal, que instou os seus associados a boicotarem todas as actividades em que Lô participe.

Por seu turno, Moustapha Cissé Lô afirmou ter interposto uma contra-queixa exigindo o encerramento da estação e uma indemnização de 200 milhões de francos CFA (cerca de 300 mil euros).

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