“Levantem-se pelo Jornalismo!”: SJ lembra importância da informação

O Sindicato dos Jornalistas apela aos cidadãos, às empresas e às instituições para que encarem os meios de informação e o Jornalismo como decisivos na vida da comunidade e instrumentos indispensáveis ao progresso económico e social, ao enriquecimento cultural e ao bem-estar.

Em mensagem por ocasião da jornada europeia “Levantem-se pelo Jornalismo!”, que a Federação Europeia de Jornalistas (FEJ/FIJ) promove hoje, dia 5 de Novembro, o SJ salienta que, “a prosseguir a perigosa direcção do desinvestimento” no sector e de redução drástica das redacções, “a informação jornalística, como bem público de decisiva importância na vida da comunidade e estruturante da cidadania e da democracia, está cada vez mais em risco”.

A mensagem é do seguinte teor:

Compromisso
De pé pelo Jornalismo, pela Liberdade, pela Democracia

Aos cidadãos

Os jornalistas europeus assinalam hoje, 5 de Novembro, mais uma jornada “Levantem-se pelo Jornalismo!”. Mais uma vez, o Sindicato dos Jornalistas portugueses participa na iniciativa, renovando o compromisso da classe com o ideal do Jornalismo livre, pluralista e permanentemente empenhado em contribuir para a vida democrática e a formação de uma opinião pública informada, esclarecida e apta a tomar decisões.
É sabido que Portugal e outros países da Europa se encontram em plena crise económica e social e que, com a destruição do aparelho produtivo, a paralisação da economia real, as brutais medidas legislativas nas áreas fiscal, laboral e social, milhões de pessoas estão a perder poder de compra, a empobrecer e até a submergir na miséria.
É um facto que muitos leitores deixam de comprar jornais e outras publicações periódicas e que inúmeras empresas suspendem os seus investimentos publicitários nos meios de comunicação social, criando dificuldades acrescidas às empresas jornalísticas que têm nessas receitas um sustentáculo importante ou mesmo exclusivo.
Em tempo de crise, muitos cidadãos aceitam, por outro lado, que os poderes instituídos, a pretexto da necessidade de reduzir as despesas do Estado neste como noutros domínios, procedam a cortes nas dotações orçamentais destinadas à manutenção de serviços públicos de comunicação social – agências noticiosas, estações de rádio e estações de televisão.
Compreendendo as dificuldades e a tentação da opção mais fácil, o Sindicato dos Jornalistas alerta no entanto os cidadãos, as empresas e as instituições para as consequências da perigosa direcção que vem sendo imposta ao sector da comunicação social pela conjuntura económica e social, pelas opções políticas e mesmo no interior das empresas jornalísticas, que, a pretexto da crise, estão a despedir jornalistas e outros trabalhadores e a negar-lhes direitos, tantas vezes apenas com o objectivo de aumentar os lucros.
O exemplo bem actual do despedimento colectivo de 48 trabalhadores do jornal “Público”, 28 dos quais são jornalistas, é bem elucidativo dessa realidade: no passado dia 30 de Setembro, o exacto dia seguinte àquele em que os trabalhadores começaram a receber a comunicação de decisão do seu despedimento, a Sonaecom, holding do poderosíssimo grupo Soane proprietária da editora, anunciou um lucro de 63,9 milhões de euros até essa data. Reportado a nove meses, esses lucros são já superiores aos 62,5 milhões de todo o ano de 2011, os quais correspondiam a um aumento de quase 52% em relação a 2010.
A prosseguir a perigosa direcção do desinvestimento público (redução de indemnizações compensatórias pelos serviços públicos) e privado (pela perda em venda de jornais e em publicidade, por um lado, e por redução da capacidade produtiva das redacções, por outro) na comunicação social, a informação jornalística, como bem público de decisiva importância na vida da comunidade e estruturante da cidadania e da democracia, está cada vez mais em risco. Assim como estão comprometidas as acrescidas responsabilidades, em tempos de crise, dos jornalistas e dos meios de informação no escrutínio das políticas públicas, na discussão das causas e das consequências da crise e das soluções para a debelar.
Sem alijar as responsabilidades próprias dos jornalistas, designadamente a reflexão que se impõe sobre se temos sido capazes de compreender as necessidades e expectativas informativas dos cidadãos e de responder-lhes de forma a que não deixem de considerar o nossa missão como indispensável ao seu quotidiano, o SJ apela aos cidadãos, às empresas e às instituições para que encarem os meios de informação e o Jornalismo como decisivos na vida da comunidade e instrumentos indispensáveis ao progresso económico e social, ao enriquecimento cultural e ao bem-estar.

Lisboa, 5 de Novembro de 2012
A Direcção

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