“Le Monde” acusa Eliseu de violar leis sobre protecção das fontes

O diário francês “Le Monde” anunciou que, nos próximos dias, vai apresentar uma queixa na justiça contra o governo francês por alegada violação das leis sobre protecção das fontes, no âmbito do escândalo Woerth-Bettencourt, um caso complexo que envolve suspeitas de conflito de interesses, financiamento político ilegal, fuga ao fisco e tráfico de influências.

De acordo com o jornal, a presidência gaulesa terá ordenado aos serviços de contra-espionagem que identificassem quem passou ao jornalista Gérard Davet dados que estiveram na base de um artigo que revelava processos menos claros na contratação de Florence Woerth, mulher do ministro do Trabalho, para uma sociedade encarregue da gestão da fortuna de Liliane Bettencourt, herdeira dos cosméticos L’Oréal.

O Eliseu desmentiu de imediato o “Le Monde” e disse não ter dado “a mínima instrução” para se investigar a fonte das informações do jornal que, de acordo com o que veio agora a público, terá sido David Sénat, alto funcionário do Ministério da Justiça entretanto enviado para uma missão na Guiana Francesa.

Entretanto, a justiça tem tentado apurar se a contratação da esposa do ministro está relacionada com a atribuição de uma importante condecoração francesa a Patrice de Maistre, responsável máximo da referida sociedade gestora da fortuna de Liliane Bettencourt.

Em reacção a este caso, a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) afirmou que as acusações do “Le Monde” devem ser investigadas “com a maior seriedade”, pois o reforço do sigilo profissional é um dos pilares da liberdade de imprensa em França e foi uma das promessas de campanha de Nicolas Sarkozy, pelo que “seria intolerável que o Eliseu fosse o primeiro a quebrar uma lei defendida pelo presidente”.

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