As autoridades da república russa da Ossétia do Norte estão a levar a cabo uma investigação criminal contra Yuri Bagrov, correspondente da Associated Press (AP) no Cáucaso do Norte, por alegada falsificação de documentos.
Esta investigação preocupa o Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ), que teme que a mesma seja motivada por reportagens de Yuri Bagrov acerca de temas políticos delicados, como a guerra na Chechénia.
O jornalista, de origem georgiana, enfrenta acusações de ter falsificado um documento com vista a obter um passaporte russo. Porém, Yuri Bagrov disse ao CPJ que toda a documentação que apresentou era legal e que a atitude do governo constitui uma forma de vingança pelo seu trabalho jornalístico.
Perante a situação, Ann Cooper, directora-executiva do CPJ, já apelou ao presidente Vladimir Putin para que as autoridades da Ossétia do Norte devolvam o passaporte a Yuri Bagrov e lhe permitam exercer a profissão sem receio de represálias.
O passaporte do repórter foi confiscado quando, a 25 de Agosto, agentes da segurança federal se deslocaram ao escritório e ao apartamento de Yuri Bagrov e a casa da sua mãe com uma ordem do tribunal para uma alegada busca de armas, munições, droga e material de falsificação.
Segundo notícias da imprensa internacional, nessa busca os agentes apreenderam outros documentos de identificação pessoal, computadores, disquetes e cassetes do jornalista que, dias depois da devassa, foi seguido por diversos homens não identificados.
A investigação a Yuri Bagrov arrancou numa ocasião “sensível” para o Kremlin, já que as eleições presidenciais na Chechénia se realizavam a 29 de Agosto e as autoridades russas poderiam ter interesse em esconder irregularidades eleitorais. Com o passaporte confiscado a 25 de Agosto, Yuri Bagrov ficou impedido de viajar para essa região para acompanhar o processo eleitoral.
A trabalhar para a AP desde 1999, o jornalista já escreveu diversas histórias e nem sempre os testemunhos que recolhe coincidem com as versões oficiais do Kremlin.