Jornalistas solidários com camaradas agredidos

O Conselho de Redacção e a Comissão de Trabalhadores da Agência Lusa protestaram ontem, dia 23, contra as agressões policiais de que foram vítimas, anteontem, dia 22, um camarada da Lusa e outra da Agência France Presse, sucedendo-se outras manifestações de solidariedade.

Recorde-se que os fotojornalistas José Goulão (Lusa) e Patrícia de Melo Moreira (AFP) foram brutalmente agredidos por elementos da Polícia de Segurança Pública (PSP), quando cobriam uma manifestação do movimento Plataforma 15 de Outubro, no Chiado, em Lisboa.

Recorde-se também que o Sindicato dos Jornalistas condenou de imediato, ainda anteontem à noite, o comportamento da PSP, exigindo explicações do ministro da Administração Interna e averiguações da Inspecção-Geral da Administração Interna, e que ontem alertou os jornalistas e a opinião pública para os riscos que as recomendações da PSP sobre procedimentos de identificação de repórteres em serviço implicam. A propósito, a Direcção do SJ reúne-se segunda-feira com o ministro Miguel Macedo.

Entretanto, os graves acontecimentos estão a suscitar uma onda de solidariedade e de repúdio de vários sectores.

Em comunicado conjunto, o Conselho de Redação (CR) da Lusa e a Comissão de Trabalhadores (CT) “condenam e repudiam as agressões de que foi alvo o fotojornalista José Goulão”, que, “pesar de se ter identificado como jornalista, continuou a ser agredido pelos agentes (da PSP)”.

“O CR e a CT recordam que é obrigação da PSP, em qualquer circunstância, garantir o livre exercício da profissão dos jornalistas e proteger a sua integridade física” e “repudiam a justificação encontrada pela Direcção Nacional da PSP, que alegou que os repórteres agredidos não estavam devidamente identificados e que foram confundidos com manifestantes”.

Tal como o SJ alertou, também o CR e a CT da Lusa consideram que, “em determinadas circunstâncias”, a recomendação da PSP de que os repórteres se coloquem atrás das barreiras policiais “pode condicionar o trabalho dos jornalistas”.

Numa mensagem entregue, ontem, por jornalistas ao director Nacional da PSP, após uma concentração espontânea junto à sede desta força, e na qual esteve presente um representante da Direcção do SJ, profissionais ao serviço da Agência Lusa “manifestam a sua indignação e repúdio pela agressão” e “exigem o apuramento cabal da verdade”.

“Além disso, não há justificação nenhuma para que os elementos da PSP continuem a bater numa pessoa – seja jornalista no exercício da profissão ou não – quando ela já está no chão e indefesa, como foi o caso”, acrescenta a mensagem.

Por sua vez, a Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal manifestou preocupação com a forma como foram tratados os jornalistas durante as manifestações e pediu às autoridades nacionais que investiguem as agressões e que sejam tomadas medidas para evitar situações futuras.

Em mensagem ao ministro da Administração Interna, a Associação Portuguesa de Imprensa (API) manifestou a sua “preocupação em relação aos incidentes recentemente ocorridos entre fotojornalistas e elementos da Policia de Segurança Pública”.

Invocando a sua “qualidade de representante dos empregadores de fotojornalistas”, também a API “considera este tipo de incidentes atentatórios da liberdade de imprensa”.

No campo parlamentar, o Bloco de Esquerda anunciou a apresentação de um requerimento para a audição do ministro da Administração Interna na Assembleia da República, “com vista à avaliação desta situação no quadro das opções de segurança interna do actual Governo”.

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