Jornalistas na Rádio Pública criticam sinergias com Televisão

Os jornalistas do Serviço Público de Rádio consideraram ontem, 20 de Março, que este “tem sido sucessivamente prejudicado pelas sinergias” com o Serviço de Televisão, no âmbito da reestruturação da RTP, e avisam que na maior parte dos casos “não há condições” para fazer trabalho simultâneo para os dois meios.

“Os jornalistas estão determinados em defender até às últimas consequências o Serviço Público de Rádio sempre que o mesmo estiver em causa”, afirmam em comunicado divulgado após um plenário.

COMUNICADO

Os jornalistas da Rádio Pública, reunidos em plenário no dia 20 de Março de 2013, denunciam que o Serviço Público de Rádio tem sido sucessivamente prejudicado pelas sinergias na RTP – Rádio e Televisão de Portugal, na sequência da reestruturação em curso.

A decisão de enviar apenas um repórter – por norma da televisão – para fazer a cobertura jornalística em simultâneo para os dois meios mostrou-se prejudicial para a Rádio em diversas ocasiões. Não tem sido assegurada a excelência de conteúdos a que a Rádio Pública habituou os ouvintes. Há uma linguagem, uma dinâmica e um tempo próprios na rádio, que têm de ser respeitados em absoluto pelos responsáveis editoriais e pela Administração da empresa.

Os jornalistas da Rádio não estão disponíveis para aceitar tarefas para as quais não tenham formação. Exigem, por isso, formação adequada, rigorosa e completa de televisão nas diferentes valências (escrita, directo e edição). Só deste modo se pode garantir que os jornalistas realizam reportagem com qualidade para os dois meios de comunicação. Os jornalistas da Rádio não aceitam ser sujeitos a amadorismo, mais ainda numa empresa de Serviço Público.

Ainda assim, sublinhamos que, na grande maioria das situações, não há condições para assegurar em simultâneo para os dois meios, mesmo com a melhor das formações, o Serviço Público que é exigido à Rádio e Televisão de Portugal.

A reestruturação em curso pressupõe ainda uma mudança física da redacção da Rádio em Lisboa, aproximando-a da redacção da Televisão. Os planos em marcha conduzem a mais uma divisão do grupo de jornalistas da Rádio, que assim ficam dispersos por três áreas diferentes do edifício. A mais recente experiência de aproximação das redacções no Porto tem-se mostrado inútil, criando constrangimentos aos jornalistas. O Plenário questiona, por isso: qual o objectivo? Qual a mais-valia destas alterações?

Nesta lógica de controlo de custos, por orientação da administração da RTP, os jornalistas da Rádio e da Televisão têm vindo a partilhar transporte para os locais de reportagem. Por mais do que uma ocasião, devido às características específicas dos dois meios, o trabalho da Rádio tem sido comprometido. Considerando que os meios de transporte pertencem a toda a empresa, os jornalistas da Rádio não são “penduras” da Televisão.

Os jornalistas estão determinados em defender até às últimas consequências o Serviço Público de Rádio sempre que o mesmo estiver em causa.

Dado o excepcional momento que vivemos, os jornalistas das redacções de Lisboa, Porto, Coimbra e Faro solicitaram aos membros eleitos do Conselho de Redacção da Rádio que façam chegar este comunicado à Direcção de Informação da Rádio e à Administração da empresa.

O Plenário de Redacção da Rádio,

Lisboa, 20 de Março de 2013

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