Jornalistas italianos ponderam greve

A Frente do Não, um colectivo que une jornalistas, deputados, juristas, advogados e investigadores contra a “lei Alfano” – um projecto que limita o direito de os jornalistas noticiarem escutas e investigações policiais até estas estarem concluídas – não afasta a convocação de uma greve de jornalistas e de formas de desobediência civil para contestar o diploma.

A notícia foi avançada na noite de 23 de Junho, no teatro Ambra Jovinelli, onde teve lugar uma representação da peça “In galera! Gli articoli che non leggeremo piu”, no qual actores e jornalistas leram artigos e passagens retiradas do tipo de escutas que não poderão ser realizadas pelos magistrados nem reproduzidas pela imprensa, caso a lei Alfano seja aprovada.

Também não está excluída a possibilidade de apresentar recurso da lei para o Tribunal Constitucional e para o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, em Estrasburgo, afirmou Beppe Giulietti, da associação Articolo 21.

Recorde-se que a proposta do ministro já passou na câmara baixa do parlamento transalpino e está actualmente em discussão no Senado, contendo disposições que limitam o direito de os jornalistas noticiarem escutas e investigações policiais até estas estarem concluídas e incluindo pesadas punições para quem viole esses limites: três anos de prisão e coimas até 465 mil euros.

“Este voto acontece numa altura em que os média e os jornalistas são empurrados para a censura pelos políticos. Por isso, podemos genuinamente dizer que os valores democráticos básicos de Itália estão em risco”, afirmou a Federação Europeia de Jornalistas (FEJ) a propósito da votação no Senado, apelando à defesa dos direitos à informação e à liberdade de imprensa em Itália.

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