Jornalistas europeus solidários com greve na RTVE

A Federação Europeia de Jornalistas (FEJ) declarou formalmente o seu apoio aos trabalhadores da RTVE que cumprem hoje, 5 de Abril, uma jornada de greve, em protesto contra os planos de reestruturação da empresa, os quais ameaçam 3133 postos de trabalho e 1300 contratos temporários.

“É uma estratégia selvagem de cortes que ameaça não só a vida interna como a qualidade do serviço público em Espanha”, afirma o presidente da FEJ, Arne König, frisando que a situação na RTVE, que se segue à liquidação de centenas de postos de trabalho na BBC em 2005, é ilustrativa da profunda crise que o serviço público está a atravessar na Europa.

Sublinhando que “ninguém é contra reformas bem feitas”, o mesmo dirigente sindical lamentou que, após décadas de interferência política na televisão, o governo espanhol opte por fazer cortes drásticos na força de trabalho e colocar a criação de programas nas mãos de privados, em vez de promover “um serviço público genuinamente independente e orientado para a qualidade”.

A FEJ apela às autoridades espanholas e à Sociedade Estatal de Participações Industriais (SEPI) que respeitem as preocupações dos sindicalistas e jornalistas e respondam à greve de hoje com empenho negocial, uma vez que “a única forma de alcançar um quadro de reestruração sensato é através da negociação e não da imposição de condições inaceitáveis e impossíveis”.

Barcelona – Benfica no centro da discórdia

Na noite de ontem, mais de 800 trabalhadores da RTVE concentraram-se no Prado del Rey, em Madrid, em apoio à greve de 24 horas que se iria iniciar à meia-noite, e um dos principais temas desta assembleia foi a transmissão do Barcelona – Benfica, jogo dos quartos-de-final da Liga dos Campeões, por parte da estação pública espanhola.

A referida transmissão foi considerada pelo Conselho de Ministros espanhol como parte integrante dos serviços mínimos a prestar ao público, a par dos noticiários, mas os sindicatos protestaram, dizendo que um jogo de futebol não pode ser visto como serviço essencial face a uma convocatória de greve.

Ainda assim, propuseram à direcção da RTVE que o encontro fosse assegurado pela estação, mas sem comentários e com um rodapé que informasse regularmente os espectadores de que o estranho formato se devia à paralisação de trabalhadores em vigor na estação.

Contudo, não foi alcançado qualquer acordo, tendo a direcção optado por entregar a produção da partida à UEFA, que por sua vez a concedeu à empresa suíça Team Football Marketing.

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