A Federação Europeia de Jornalistas (FEJ) acusou as lideranças políticas europeias de «complacência e cobardia» face ao crescente assalto aos serviços públicos de rádio e televisão na Europa. Os líderes da FEJ vão apelar à União Europeia para reagirem, perante os últimos desenvolvimentos em Itália e em Portugal.
«O futuro do serviço público está em perigo», disse o presidente da FEJ, Gustl Glattfelder. «Em Itália, o primeiro-ministro exerce influência política sobre 90 por cento do mercado televisivo do país e em Portugal o Governo ameaça privatizar o sistema público de rádio e televisão».
Em comunicado emitido a 23 de Abril, a FEJ alerta para os confrontos políticos e comerciais que poderão levar ao questionar do futuro do serviço público em Espanha e em França.
A federação apoia o combate do Sindicato dos Jornalistas contra a privatização de um canal do serviço público de televisão e outro do serviço público de radiodifusão. «É inaceitável que o serviço público seja entregue à cultura do dinheiro sem um pensamento quanto às consequências para a democracia», refere a FEJ. «O público tem o direito a um serviço de informação que não seja puramente orientado pelos valores do mercado».
«Existe um sentimento de crise sobre o futuro do serviço público e, no entanto, a União Europeia permanece em silêncio», afirmou Gustl Glattfelder. «Em vez de acção para defender as tradições europeias nos campos do serviço público e do pluralismo, temos complacência, cobardia e falta de nervo da parte dos políticos».
A FEJ vai pedir uma audiência ao presidente da Comissão Europeia, Romano Prodi e à presidência espanhola da União Europeia e pretende ainda pedir a intervenção do Parlamento Europeu e do Conselho da Europa, além de lançar uma campanha entre jornalistas e sindicatos da área dos média, ao nível de cada país.
A questão do serviço público vai dominar o encontro anual das associações e sindicatos de jornalistas de toda a Europa, que terá lugar em Bruxelas, a 15 de Junho e onde será lançado um plano de acção que incluirá um dia europeu sobre a crise nos média.