Jornalistas detidos na República Dominicana

O Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) denunciou a detenção de vários jornalistas dominicanos por criticaram Hipólito Mejía, presidente da República.

Em carta ao presidente Mejía, datada de 4 de Agosto, a directora executiva do CPJ, Ann K. Cooper, manifestou a sua preocupação com a detenção de jornalistas, considerando que essas detenções visam “intimidar e perseguir os jornalistas e obrigá-los a autocensura”.

Para o CPJ, esta situação põe “em perigo a reputação da República Dominicana como nação onde se respeita a liberdade de imprensa”.

Em concreto, o CPJ refere os casos de Horacio Emilio Lemoine e Carlos Martínez, detidos a 25 de Julho, dois dias depois de terem realizado uma sondagem informal aos ouvintes da Rádio Montecristi sobre o seu sentido de voto, se as eleições presidenciais se celebrassem naquela data. Os resultados foram muito desfavoráveis a Mejía.

Levados de Montecristi para a capital, Santo Domingo, os dois jornalistas estiveram presos na sede da Polícia Nacional, numa cela com delinquentes comuns, até ao dia 28. Na manhã desse dia a polícia interrogou-os sobre a sondagem, mandando-os depois de volta para a delegacia de Montecristi, algemados, onde acabaram por ser libertados.

Lemoine declarou ao CPJ que a polícia não lhes mostrou nenhuma ordem de prisão e que o interrogatório foi feito sem a presença de um represente do Promotor da República, contrariando o estipulado nas leis dominicanas. Até à data, não foi feita nenhuma acusação formal a estes jornalistas.

O caso não é único. Segundo o CPJ, o jornalista Marino Zapete Corniel, colunista do jornal Los Nuevos Tiempos Digital, com sede em Miami, e do semanário local Primicias, foi interrogado em 11 de Junho por oficiais da Segurança do Estado, que o acusaram de insultar o presidente em vários artigos publicados em Abril e Maio.

Os oficiais também não apresentaram nenhuma ordem de prisão. O jornalista foi libertado cinco horas depois.

De acordo com Zapete, durante o interrogatório foi questionado sobre as suas preferências políticas e o que pensava sobre o presidente Mejía. O jornalista foi ainda pressionado para revelar as suas fontes de informação, o que recusou.

Na sua carta ao presidente Mejía, o CPJ exorta o chefe de Estado “a cessar de imediato a perseguição dos jornalistas que critiquem sua gestão”. Tais actos, sublinha-se, “não só interferem com os direitos dos dominicanos a uma informação livre e sem restrições, como também causam dano considerável à reputação da República Dominicana como nação democrática que tolera a diferença de opinião”.

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