Jornalistas da RTP detidos pelos Estados Unidos no Iraque

Os jornalistas portugueses Luís Castro e Vítor Silva foram detidos no Iraque pelo exército norte-americano que os colocou em isolamento durante quase 72 horas. O Sindicato dos Jornalistas (SJ) repudia veementemente a detenção, agressão e sequestro dos jornalistas da RTP e exige ao Governo que peça explicações aos Estados Unidos.

O SJ e a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) vão pedir explicações às autoridades norte-americanas e exigem “um inquérito exaustivo sobre mais este grave atentado à integridade física dos jornalistas e à liberdade de informação”.

Em comunicado, o SJ insurge-se contra o facto de os jornalistas terem estado, durante três dias, “detidos e proibidos de comunicarem com quem quer que fosse – incluindo as famílias e a RTP -, sobretudo tendo em conta que necessitavam de assistência médica que só tardiamente lhes foi prestada”.

Alertado para a situação na tarde de quinta-feira, 27 de Março, o sindicato desencadeou todos os esforços para localizar os jornalistas da RTP, que na manhã de hoje foram transportados para o Koweit

É o seguinte o texto integral do comunicado do Sindicato dos Jornalistas:

JORNALISTAS PORTUGUESES DETIDOS PELOS EUA

“O Sindicato dos Jornalistas (SJ) manifesta o seu mais veemente repúdio e condena a detenção, agressão e sequestro dos jornalistas portugueses Luís Castro e Vítor Silva, da RTP, pelas forças norte-americanas no Sul do Iraque.

“Nada justifica que desde as 7 horas do dia 25 de Março até às 8 horas de hoje, 28 de Março, os dois jornalistas portugueses tenham estado detidos e proibidos de comunicarem com quem quer que fosse – incluindo as famílias e a RTP -, sobretudo tendo em conta que necessitavam de assistência médica que só tardiamente lhes foi prestada.

“O SJ tomou conhecimento da situação ontem à tarde e desencadeou de imediato todos os mecanismos ao seu alcance para descobrir o paradeiro dos jornalistas desaparecidos e interceder no sentido da sua pronta libertação.

“Graças à solidária intervenção da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), que dispõe de uma linha permanente de apoio aos profissionais da comunicação social a cobrir este conflito, foi possível contactar o US Center Commander e o British Commander no Qatar, a Cruz Vermelha Internacional e outras organizações, como a Repórteres Sem Fronteiras e os Médicos do Mundo.

“Hoje pela manhã os jornalistas portugueses conseguiram finalmente contactar a RTP. Segundo o SJ apurou, depois de detidos pelas forças norte-americanas a Norte de Bassorá, Luís Castro e Vítor Silva foram agredidos e mantidos em isolamento durante 72 horas, acusados de espionagem e com o material de trabalho apreendido. Ao fim deste tempo, em que não lhes foi permito contactar com ninguém, insiste-se, os dois jornalistas portugueses foram transportados para o Koweit e entregues à polícia militar daquele país. Esclarecida a situação, foram libertados e encontram-se a recuperar forças para poderem voltar ao trabalho.

“O SJ e a FIJ vão pedir explicações aos EUA e exigir um inquérito exaustivo sobre mais este grave atentado à integridade física dos jornalistas e à liberdade de informação.

“O SJ exige igualmente que o Governo português peça explicações às autoridades norte-americanas e providencie no sentido de garantir a segurança de todos os jornalistas no teatro de guerra.”

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